DIA DA INDEPENDÊNCIA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Em vários discursos e cartas, inclusive no exílio, Juscelino Kubitschek escreveu que não compreendia a expressão pátria como um pedaço de terra separado de outros pedaços por fronteiras geográficas ou imagináveis. Pátria, para ele, era, sobretudo, o conjunto de amigos que a gente vai conquistando ao longo de uma vida, no fim da qual eles constituem o maior e mais rico patrimônio. Daí a invenção dos gregos estabelecendo o ostracismo como o maior castigo para os inimigos. Ostracismo, exílio ou que nome tenha, é a mesma coisa que arrancar uma árvore de seu hábitat e transportá-la para um ambiente estranho.
Mas a gente ainda pode sonhar sem nostalgia, sem a melancolia produzida no exilado pelas “saudades da terra amada, da pátria minha”, como na canção patriótica Cisne Branco e como aconteceu com JK no exílio. Sonhar com um país sem violência, sem corrupção, sem tanto distanciamento das autoridades em relação ao cidadão comum: autoridades do executivo, do legislativo, do judiciário, das forças militares e policiais. Candidatos a cargos eletivos em geral se misturam com o povo apenas em época de eleições. Sonhar com menos impostos e juros mais baixos. Sonhar com um país como uma família amplificada, lembrando Rui Barbosa, para quem “o sentimento que divide, inimiza, retalia, detrai, amaldiçoa, persegue, não será jamais o da pátria”.
Dia da Independência. O que comemorar?... É conhecida a frase: “Eterna vigilância é o preço da liberdade”. E da democracia também. Instituições sérias, imprensa livre, acesso do cidadão comum à justiça, à assistência à saúde, ao bem-estar social, a escolas públicas de qualidade, a meios de transporte decentes. Mais que comemorar é preciso fazer. E agir no tempo, a tempo, enquanto é tempo. Mesmo que seja tantos anos depois da Proclamação da Independência. E que tenhamos paz, ordem e progresso, mesmo em condições diversas e adversas. Qual é mesmo o dístico de nossa bandeira?