PAULISTA DESVAIRADA*
Caminho pela Paulista como quem caminha pela vida. Por vezes sou absorvido pelo que vejo, sinto, ouço ou cheiro; outras vezes, observo e é observando que eu me vejo em todas as pessoas e em mim mesmo.
O HOMEM QUE FALAVA FLORES
Ele falava ao telefone, quando cruzei com seu olhar na esquina da Paulista com a Consolação.
- Não me venha com espinhos – disse ele ao celular – Quando me ligar, fale sobre orquídeas, tulipas, até aceito ouvir sobre as violetas, mas por favor não me venha com mais ervas daninhas.
O VENDEDOR DE TAPIOCAS
- Quero a minha com coco e leite condensado! – pedi ao vendedor de tapioca que lembrava um barman acrobata em frente à Fiesp. O coco voava sob o carrinho, o leite condensado jorrava sob a massa que dançava na frigideira.
Pergunto se vou pagar extra pelo show, ele sorri e como sou freguês, ele só me cobra pela tapioca.
*Titulo baseado na obra Paulicéia Desvairada – Mário de Andrade