MATURIDADE: O QUE ELA ENSINA?
Estive pensando, e contando os anos... na noite passada, antes de dormir, abri a gavetinha da mesa de cabeceira e deparei com uma velha fotografia de quando eu tinha dezoito anos e trabalhava em uma loja. Lá, eu apareço com a cabeça apoiada na mão, sorrindo, o cabelo cortado no estilo 'Blitz' (grupo famoso nos anos oitenta) e a juventude saltando pelos poros. Naquela época, eu não tinha ideia do quanto minha vida se transformaria. Nem sequer desconfiava que muitos dos sonhos que eu considerava impossíveis, tornar-se-iam realidade, e que alguns deles, ao invés de sonhos felizes, mostrar-se-iam um tremendo pesadelo.
Antes de dormir, recordei vários fatos de minha vida; alguns que na época considerei importantes, mas que depois, revelaram-se os de menor impacto em minha vida, e outros, que negligenciei, mas aos quais deveria ter prestado mais atenção. Mas recordei-os sem arrependimentos, sabendo que tudo faz parte do aprendizado: o que acertamos e o que erramos, principalmente.
Eu costumava preocupar-me demasiadamente com o que os outros estavam pensando de mim, e ser aceita era a coisa mais importante do mundo, e para isso, eu estava disposta a esquecer minhas próprias convicções. Meu objetivo era encontrar um lugar entre os humanos, nem que para isso eu tivesse que matar o que havia de mais humano em mim, e aceitar humilhações como se fossem elogios: "Veja, estão me notando!" Tomava como exemplo de sabedoria pessoas egoístas, que só pensavam em si mesmas e no quanto poderiam tirar vantagem dos outros. Embora eu jamais tenha me tornado como elas - acho que, instintivamente, eu sabia que aquilo não era o certo - eu me cercava destas pessoas e as chamava de amigos.
Passei grande parte de minha adolescência e juventude pensando que eu não era interessante, inteligente ou bonita; nem sequer me importava em expressar o que eu pensava, simplesmente porque eu tinha certeza absoluta que ninguém estaria interessado em ouvir (e não é que eu estava certa?).
Mas o tempo passou, e eu amadureci.
E o que significa, para mim, amadurecer? Bem, pode significar muitas coisas... mas a mais importante de todas, é descobrir que quem define o meu lugar na vida, sou eu, e não os outros. Não fico mais horas me torturando quando alguém chega para mim, e sem conhecimento de causa afirma: "Você é isto, e isto e mais aquilo." Porque hoje, mesmo nos momentos em que eu não tenho muita certeza sobre quem eu sou, tenho certeza sobre o que eu NÃO sou! E que as pessoas sempre terão opiniões sobre todos e sobre tudo, mas que opiniões são apenas opiniões...
Hoje, não sinto mais a menor necessidade de 'ser aceita' ou estar em algum grupo, 'rodeada de amigos.' As horas mais felizes do dia, são aquelas em que passo sozinha - rezando, lendo, escrevendo, cuidando de minha casa, curtindo meu jardim e a natureza, brincando com meu cão, passeando na rua, assistindo a um bom filme, fazendo minhas contribuições (mesmo que pequenas) para o mundo e para as causas nas quais acredito.
Sentir-me excluída de algum grupo significa apenas uma coisa: não era para eu estar ali. Aquelas pessoas não são importantes para mim, e não sou importante para elas. Só isso. Que sejam felizes à sua maneira, pois eu não preciso delas, e nem elas de mim. E não há melancolia alguma nesta descoberta; apenas alívio! Alívio de saber que às vezes, o que a vida escolhe para mim pode ser a melhor coisa. Alívio de poder confiar, quando os caminhos se fecham em alguma direção... e ao invés de insistir, como eu desesperadamente fazia, respirar fundo e seguir por outro lado, e ver outras portas se abrindo para mim; portas bem melhores.
Maturidade é saber que eu sou quem eu sou, e gosto de mim assim. Se alguém mais gostar, muito bem. Senão, que se dane.
Maturidade é sentir-me confortável dentro da pessoa que eu olho no espelho todos os dias, saber de onde ela veio e não sentir nenhuma vergonha ou sentimento de inadequação por isso, e saber que sou honesta, nada tenho a esconder, nunca desejei o mal de ninguém, não uso de artifícios para 'ser aceita' seja em que grupo for. É encontrar novos caminhos, dar a volta quando uma porta se fecha, sem lamentações, e descobrir que foi melhor assim. Por que tortura-me? Por que insistir em relacionamentos que tornaram-se desnecessários, ou que fazem com que eu me sinta desconfortável? Por que desejar estar entre pessoas que sinceramente não me apreciam, e nem se importam com o fato de eu estar feliz ou não?
Para alguns, o que mais importa é tomar, tomar, tomar... sem jamais parar para pensar ou agradecer pelo que a vida e as outras pessoas lhes proporcionaram, e a partir do momento em que escutam um 'Hoje eu não posso" ou "Sinto muito, mas não...", passam, imediatamente, a nos odiar e falar mal de nós. Por que insistir em relacionar-me com pessoas assim?
Acho que, entre outras coisas, o que a maturidade traz, é leveza. É uma vontade de respirar fundo e sentir o ar limpo e leve. É uma mania de olhar para o passado e ver o quanto ele foi importante, mas que ele não me define completamente; o que me define, hoje, são as escolhas que eu faço, as decisões que eu tomo, as coisas e pessoas que eu amo e me amam de verdade. É olhar para frente com confiança e não sentir nenhuma ansiedade em relação à vida ou à morte, sabendo que no fim, tudo se acerta.
Estive pensando, e contando os anos... na noite passada, antes de dormir, abri a gavetinha da mesa de cabeceira e deparei com uma velha fotografia de quando eu tinha dezoito anos e trabalhava em uma loja. Lá, eu apareço com a cabeça apoiada na mão, sorrindo, o cabelo cortado no estilo 'Blitz' (grupo famoso nos anos oitenta) e a juventude saltando pelos poros. Naquela época, eu não tinha ideia do quanto minha vida se transformaria. Nem sequer desconfiava que muitos dos sonhos que eu considerava impossíveis, tornar-se-iam realidade, e que alguns deles, ao invés de sonhos felizes, mostrar-se-iam um tremendo pesadelo.
Antes de dormir, recordei vários fatos de minha vida; alguns que na época considerei importantes, mas que depois, revelaram-se os de menor impacto em minha vida, e outros, que negligenciei, mas aos quais deveria ter prestado mais atenção. Mas recordei-os sem arrependimentos, sabendo que tudo faz parte do aprendizado: o que acertamos e o que erramos, principalmente.
Eu costumava preocupar-me demasiadamente com o que os outros estavam pensando de mim, e ser aceita era a coisa mais importante do mundo, e para isso, eu estava disposta a esquecer minhas próprias convicções. Meu objetivo era encontrar um lugar entre os humanos, nem que para isso eu tivesse que matar o que havia de mais humano em mim, e aceitar humilhações como se fossem elogios: "Veja, estão me notando!" Tomava como exemplo de sabedoria pessoas egoístas, que só pensavam em si mesmas e no quanto poderiam tirar vantagem dos outros. Embora eu jamais tenha me tornado como elas - acho que, instintivamente, eu sabia que aquilo não era o certo - eu me cercava destas pessoas e as chamava de amigos.
Passei grande parte de minha adolescência e juventude pensando que eu não era interessante, inteligente ou bonita; nem sequer me importava em expressar o que eu pensava, simplesmente porque eu tinha certeza absoluta que ninguém estaria interessado em ouvir (e não é que eu estava certa?).
Mas o tempo passou, e eu amadureci.
E o que significa, para mim, amadurecer? Bem, pode significar muitas coisas... mas a mais importante de todas, é descobrir que quem define o meu lugar na vida, sou eu, e não os outros. Não fico mais horas me torturando quando alguém chega para mim, e sem conhecimento de causa afirma: "Você é isto, e isto e mais aquilo." Porque hoje, mesmo nos momentos em que eu não tenho muita certeza sobre quem eu sou, tenho certeza sobre o que eu NÃO sou! E que as pessoas sempre terão opiniões sobre todos e sobre tudo, mas que opiniões são apenas opiniões...
Hoje, não sinto mais a menor necessidade de 'ser aceita' ou estar em algum grupo, 'rodeada de amigos.' As horas mais felizes do dia, são aquelas em que passo sozinha - rezando, lendo, escrevendo, cuidando de minha casa, curtindo meu jardim e a natureza, brincando com meu cão, passeando na rua, assistindo a um bom filme, fazendo minhas contribuições (mesmo que pequenas) para o mundo e para as causas nas quais acredito.
Sentir-me excluída de algum grupo significa apenas uma coisa: não era para eu estar ali. Aquelas pessoas não são importantes para mim, e não sou importante para elas. Só isso. Que sejam felizes à sua maneira, pois eu não preciso delas, e nem elas de mim. E não há melancolia alguma nesta descoberta; apenas alívio! Alívio de saber que às vezes, o que a vida escolhe para mim pode ser a melhor coisa. Alívio de poder confiar, quando os caminhos se fecham em alguma direção... e ao invés de insistir, como eu desesperadamente fazia, respirar fundo e seguir por outro lado, e ver outras portas se abrindo para mim; portas bem melhores.
Maturidade é saber que eu sou quem eu sou, e gosto de mim assim. Se alguém mais gostar, muito bem. Senão, que se dane.
Maturidade é sentir-me confortável dentro da pessoa que eu olho no espelho todos os dias, saber de onde ela veio e não sentir nenhuma vergonha ou sentimento de inadequação por isso, e saber que sou honesta, nada tenho a esconder, nunca desejei o mal de ninguém, não uso de artifícios para 'ser aceita' seja em que grupo for. É encontrar novos caminhos, dar a volta quando uma porta se fecha, sem lamentações, e descobrir que foi melhor assim. Por que tortura-me? Por que insistir em relacionamentos que tornaram-se desnecessários, ou que fazem com que eu me sinta desconfortável? Por que desejar estar entre pessoas que sinceramente não me apreciam, e nem se importam com o fato de eu estar feliz ou não?
Para alguns, o que mais importa é tomar, tomar, tomar... sem jamais parar para pensar ou agradecer pelo que a vida e as outras pessoas lhes proporcionaram, e a partir do momento em que escutam um 'Hoje eu não posso" ou "Sinto muito, mas não...", passam, imediatamente, a nos odiar e falar mal de nós. Por que insistir em relacionar-me com pessoas assim?
Acho que, entre outras coisas, o que a maturidade traz, é leveza. É uma vontade de respirar fundo e sentir o ar limpo e leve. É uma mania de olhar para o passado e ver o quanto ele foi importante, mas que ele não me define completamente; o que me define, hoje, são as escolhas que eu faço, as decisões que eu tomo, as coisas e pessoas que eu amo e me amam de verdade. É olhar para frente com confiança e não sentir nenhuma ansiedade em relação à vida ou à morte, sabendo que no fim, tudo se acerta.
E como deixei em comentário a um texto da colega blogueira Marilene: A vida real é bem menos complicada do que a vida que inventamos através da nossa imaginação e supervalorização daquilo que aqueles que não nos apreciam cismam em afirmar a nosso respeito.
Imagem: Ana Bailune