Preconceitos

Entrei num restaurante de comida típica. Estava acompanhada do meu amor.

Louríssima como estou, observei que as pessoas me olhavam. Não pela beleza. Eram olhares de crítica, de desaprovação.

Quando passei por uma das mesas para me servir no buffet, ouvi: uma mulher tão elegante e bonita e mal acompanhada.

E esse comentário e tantos olhares, somente porque ele é negro.

Na rua onde moro, percebi que alguns vizinhos deixaram de falar.

Eu vi e senti na pele o quanto as pessoas ainda são extremamente preconceituosas.

E tem sido assim em nosso dia a dia.

Entrei numa loja de marca e a atendente se desfazia em préstimos para um cliente. Ficamos uns dez minutos olhando camisas. Ninguém se aproximou.

Então cheguei perto de uma das jovens e disse a ela que meu marido queria ver umas camisas.

Ela me olhou com ar incrédulo. E veio atender.

A outra mocinha sequer saiu do lugar, mesmo observando que a colega ainda atendia um freguês, branco digo de passagem.

Ele fez uma compra de trinta reais.

Eu e meu marido quando chegamos ao caixa pagamos quase o quádruplo.

Aí ela quis se fazer de gentil. Ignorei.

Quando saímos vi a satisfação da moça que nos atendeu. E a outra, com cara de arrependimento.

No trabalho, meu marido anda muito bem arrumado. Entre brincadeiras do dia a dia, o chefe comentou: Nossa você está sempre impecável e o sapato é muito caro para vir trabalhar.

Ele apenas respondeu: Amigo eu já saio perdendo no atendimento por ser negro; se eu ainda me apresentar de jeans e camiseta, vou vender o que, como corretor de imóveis? As vezes, infelizmente, o hábito, ainda faz o monge.

O mundo não sabe, mas a loura aqui tem descendência de africanos e índios. Os olhos cor de mar, herdei da linhagem alemã da família.