Embelezando a vida

Não sei por que gosto tanto de pedras! Pedras de todos os tamanhos e até rochas gigantescas. Quando passo perto das construções e vejo a parte refugada da areia peneirada, costumo esticar os olhos para ver se há alguma pedrinha bonita. Chamo de bonita aquela bem redonda e de cor diferente. Talvez eu devesse dizer seixos, que são as “pedras roladas”, ou seja, as pedras que foram trabalhadas pelas águas. Elas perderam as arestas, as partes pontudas e se tornaram redondas. É lindo! Acho que isso pode ser uma metáfora da vida. Durante a existência precisamos nos permitir ser trabalhados para tornar-nos assim sem arestas, sem pontas para não ferir as pessoas. Precisamos nos tornar agradáveis como o toque das mãos nas pedras arredondadas. Sempre me senti atraída por pedras e, quando era menina, vivia apanhando-as nos leitos e margens dos ribeirões e riachos.

Lá na fazenda, ao lado do pomar, há um pequeno bosque com árvores nativas. Elas cresceram entre algumas rochas de tamanho médio. Uma delas parece a miniatura do Pão de Açúcar e há outra em formato confortável. Ali o silêncio é tão grande que ajuda a elevar os pensamentos a Deus.

A extensão que parte desse bosque e acompanha o lado de cima da casa foi ligada. A minha intenção é plantar árvores de todas as espécies: frutíferas e ornamentais. Será a continuação desse pequeno bosque e atrairá passarinhos e outros bichinhos.

A cerca foi mudada e no feriado de finados fui para lá marcar os lugares para fazer as covas. Convoquei todos para me ajudar e, com surpresa, vi que o espaço vai dar para plantar 50 árvores! Colocamos uma estaca para marcar o lugar e ainda amarrei uma tirinha de pano colorido para a pessoa que for fazer as covas não confundir os lugares. Fico imaginando todas essas árvores crescidas, embelezando aquele local.

Um pouco longe da casa há outro espaço que me encanta. Nele há várias rochas arredondadas em formatos muito bonitos. Pena que não tem água passando por lá. Um dia ainda cerco aquele lugar e faço outro bosque. Nasci para embelezar a vida de palavras, arte e natureza. Meu Deus, quanta pretensão! Perdoem-me, por favor! Acho que estou dizendo tolice. Mas sinto uma necessidade incontrolável de contribuir para que as coisas fiquem mais bonitas... Sei que esse meu gosto foi herdado. Dizem que o cavaco não cai longe do toco... Acho que caí bem perto, pois vejo que o meu pai está continuando a existir através de mim porque tudo isso ele fazia. Ele também fez bosques, poesias e um pomar intercalado com flores e frutas que ladeava uma estrada. Flores de todos os tipos. Ele falava que era para as pessoas passearem por essa estrada, apreciando as flores e saboreando as frutas. No final dela, plantou uma sempre-lustrosa - nome que ele dava à buganvília, fez um caramanchão para ela e também um banquinho. Era ali que as pessoas descansavam para voltar pela estrada. Ainda um detalhe: entre essas flores e frutos havia uma fileira de coqueiros centenários que foram plantados pelo pai dele. Eles eram muito altos e finos e continuavam a dar cocos, mesmo sendo tão antigos. A castanha deles era macia e saborosa.

Espero continuar essa história de plantar flores, frutas e árvores para embelezar a vida...

Déa Miranda
Enviado por Déa Miranda em 31/08/2013
Reeditado em 16/11/2013
Código do texto: T4461012
Classificação de conteúdo: seguro