INTERROGAÇÕES
 
    
Tenho setenta anos e uma filha adotiva de seis – a Madalena. Alguns fatos divertidos têm acontecido. É normal se dirigirem a mim, dizendo avó. Depois, pedem desculpas. Dou risadas e digo que não há nada a desculpar, pois poderia ser a bisavó.
Fui ao médico. Ele deu de presente para a Madalena um brinquedo de fazer bolhas de sabão. Explicou como funcionava e disse:
- Agora, dá para a vó guardar.
A menina ficou olhando para ele e perguntou:
- Pra quem?
Resolvi a situação dizendo:
- É para a mãe, doutor.
E assim tem sido.
Ontem, fui ao colégio. Uma coleguinha se aproximou. A Madalena me apresentou como “a minha mãe”.
A garota ficou admirada.
- Mãe?
- Sim – respondi. - Sou a mãe dela.
Franziu a testa, ficou olhando meu rosto como se examinasse os detalhes, enquanto dizia:
- O que aconteceu?
Prevendo já o que a incomodava, perguntei?
- Aconteceu o quê?
E ela lascou:
- Tu ficou velha.
MADAGLOR DE OLIVEIRA
Enviado por MADAGLOR DE OLIVEIRA em 29/08/2013
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