O homem coisa

O mundo está cada vez mais veloz e o homem, nessa pressa, esqueceu valores primitivos. O “the time is money” tem empurrado a reflexão para o abismo, os indivíduos viraram microempresas _ é isso mesmo _ são programados para gerar lucro, não cumprir a atividade fim é ficar à margem desse louco processo de desumanização, ou melhor, é abrir falência.

O ser produtivo, hoje, está diretamente relacionado com a capacidade que se tem de viabilizar o lucro. Que as relações humanas são baseadas no interesse, na troca, todos nós já estamos “carecas” de saber mas, os interesses humanos vão muito além da mercantilidade inserida, como um mau gene, na espinha dorsal do nosso senso de percepção. O pensar tornou-se um serviço terceirizado. Para que pensar? Se podemos aguardar, diante da televisão comendo pipocas, idéias que nos chegam prontas, digeridas... A falta de diversidade no pensar vai acabar criando um novo deus de carne e osso, um Cristo ou anti-Cristo que reescreverá e ditará a moral do mundo e, sob o poder desse deus contemporâneo, a massa falida só terá um desígnio, arder no fogo dos infernos (inferno com direito a mídia e patrocínio é claro, quem conseguiria queimar tanta gente sem apoio da mídia e ajuda de patrocinador?) Ai de vós pensadores ociosos e improdutivos, ai de vós!! O céu será dos homens microempresas bem sucedidos. O juízo final se transformará “no dia do balanço”, onde o débito e o crédito determinarão o céu e o inferno.

Por fim, esse deus mercador de almas acabará deslocando o homem do centro de todas as coisas e atribuirá o centro à própria coisa, será ele, então, não mais o Deus dos homens mas o deus de todas as coisas (o homem será uma coisa a mais entre tantas coisas), fabricará idéias e venderá ideologias ao nosso homem coisa que continuará “produzindo” compulsivamente na intenção, talvez, de comprar do senhor de todas as coisas o “chip” da eternidade.

Paulo.

Gavião Caçador
Enviado por Gavião Caçador em 11/04/2007
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