Modernismo

Ultimamente tenho ficado preocupado com o que estou observando.

Se por um lado a ciência anda a passos largos, oferecendo conforto e facilidades, por outro, o que tínhamos adquirido em certas habilidades na juventude do século passado, não estamos 
 conseguindo mantê-las entre os jovens atuais.

Sei que não devo generalizar minhas observações, que se situam no meu restrito ambiente, mas se no meu pequeno mundo de observação essa verdade for confirmada para um universo maior, devemos tomar providências urgentes.
Mas o que me preocupa?
Vejo na maioria dos jovens atuais, uma absoluta falta de intimidade com o lápis, a lapiseira e a caneta. Esses objetos para eles, estão para mim, como foram os mastodontes, coisas pré históricas...
Tentei ler o que eles escreveram e pensei ter voltado ao Antigo Egito, aliás, de tão antigo que se escrevia Egipto, aquele da época dos faraós, com os seus hieróglifos.Seus garranchos são piores que letras de médicos...
Mas o maior calafrio, aquele que percorre toda a nossa coluna vertebral, que meus avós chamavam de espinha, é quando os vejo escreverem. Eles seguram os lápis como se estivessem empunhando um objeto perigoso, têm medo de se machucarem, alguns seguram o lápis com as pontas dos cinco dedos, amedrontados com a possibilidade dele fugir, e outros ainda o equilibram verticalmente. Já viram o resultado? Aquele garrancho que ninguém consegue entender.
A nossa habilidade, da turma da outra geração, não foi espontânea, não surgiu no ar com um toque de mágica, foi fruto de muito esforço, do uso de muitos cadernos  de caligrafia.
Dizem os psicólogos e fonoaudiólogos que existe uma forte ligação entre a fala e a escrita, isto é, quem não consegue articular bem suas palavras tem a grande possibilidade de também ter dificuldades na escrita. Então , a propósito, observo também que os jovens hoje falam menos, as famílias falam menos, o que se usa muito mais é o telefone que usa uma linguagem sintética, a começar pela saudação. Alô!
Mas os sábios de plantão, certamente vão dizer:
- Meu caro, hoje é diferente, o computador está aí para que escrevamos, com uma tela linda e luminosa para que façamos a leitura, sensível ao toque...
E eu pergunto:
- Se algum dia, por algum motivo, os computadores deixarem de funcionar, vamos perder nossa capacidade de nos comunicarmos pela escrita? Vamos ter de ressuscitar Champoleon  para nos ensinar a escrita nos papiros?
Mais preocupado fiquei quando descobri uma série de grosseiros erros de ortografia e um deles me disse:
- Ah, eu não me preocupo, existe o corretor automático no computador!
Se algum dia, esses jovens tiverem de corrigir o computador nós seremos testemunhas de um grande desastre da ciência...