CAIU A MÁSCARA
O surpreendente desfecho do episódio envolvendo senador Molina, asilado político boliviano que, sem salvo-conduto, o diplomata Eduardo Sabóia, o encarregado de negócios da embaixada em La Paz trouxe para território brasileiro, expôs a hipocrisia do governo brasileiro.
Senti miasmas de podre, há um mês, ao assistir o chefe de Estado da Bolívia tricotando com a nossa presidente em evento protagonizado pelo Papa no Rio de Janeiro. E o senador confinado na embaixada brasileira? Pensei, com meus botões. Esquisito. Suspeito. Agora os fatos e as evidências surgiram. Os “fundilhos sujos” de Brasília eram cúmplices dos algozes bolivianos. Mesquinharia. Governantes brasileiros pisotearam os mais elementares direitos humanos do asilado, forçando-o a desistir do abrigo em que ele estava confinado há quase ano e meio, daí, então, oferecerem sua cabeça em bandeja de prata para o inimigo figadal. Asco. Parabéns aos funcionários brasileiros que fizeram prevalecer os cânones do Direito Internacional contra a tortura de um ser humano.
Claramente o encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz agiu movido pelos mais elevados valores morais, por razões humanitárias e em defesa da dignidade humana.
Fez o que qualquer homem de bem faria numa situação como a que ele vinha enfrentando há 15 meses: agiu para permitir que um cidadão perseguido pelo governo da Bolívia, e que há meses obtivera asilo do governo brasileiro, pudesse voltar a viver com dignidade.
Disse o diplomata, ao chegar a Brasília:
Eu escolhi a porta estreita e lutei o bom combate. Eu não me omiti. Eu optei pela vida e salvei a honra do meu país, que eu defendo sempre. Eu escolhi a vida. Eu escolhi proteger uma pessoa, um perseguido político, como a presidente Dilma foi perseguida.
Ao se posicionar contra o ato de bravura do diplomata Eduardo Sabóia, a presidente Dilma certamente se esqueceu de sua passagem como “hóspede” do DOI-CODI.
O diplomata Eduardo Sabóia merece, pois, a nossa solidariedade.
Fonte:Migalhas/Luiz B.P.Almeida Filho