SIMPLESMENTE O VAZIO
O Vazio nos remete as idéias de espaços vagos, ocos, devastados, amputados, desconhecidos e silenciosos. Não são raros os sentimentos de tristezas, solidão e desamparo que estes momentos ou espaços nos infligem. Dentre muitos de nós nem todos sabemos lidar com estas situações impostas pela vida, quer tenham sido conduzidas pelas escolhas conscientes ou não ou impostas pela natureza como no caso das doenças que tem na parcialidade a fragilidade ou a ausência da saúde ou até a morte, que tem em seu elemento máximo a plenitude do vazio completo.
O jeito como lidamos com o vazio vai de acordo com nossas vivencias, com a historia de cada um. Por isto nos referimos aqui aos estados conscientes ou inconscientes de muitas situações de vazios, são, pois aqueles deixados na alma, no corpo e no próprio estado de viver. Encontramos por vezes, até perto de nós, pessoas que parecem lidar com adequações satisfatórias sobre tais situações de vazios. São pessoas que diríamos fortes e iluminadas, mas há também quem acha que sejam pessoas frias e distantes, já que na maioria das vezes tendemos a encarar a vida com dor e sofrimento. Parece que sem estes elementos, dor e sofrimento, nós não somos humanos.
Se diante do vazio questionamos, rejeitamos ou negamos a dor ou o sofrimento, logo tendemos a buscar novas situações, arranjos para ocupar o lugar vazio e assim lançamos um olhar para uma nova condição. Os arranjos podem ser feitos com a ajuda dos mecanismos da racionalização, da negação ou projeção desde que a intenção de preencher o vazio seja satisfatória. O tempo será o grande aliado para a resolução da situação.
O que dizer da Tristeza e da Depressão? São reações que podem refletir os estados de solidão. Da solidão interna, como as originadas da depressão provenientes de elementos desconhecidos da consciência da pessoa, ou da tristeza como condição originada de fatos reais que acontecem e deixam rastros de uma impotência momentânea. Destes estados de solidão não registramos prazos e nem hora marcada para deixarem as pessoas se acomodarem em seus arranjos quanto a um bom viver, a situação irá depender da força e luta de cada um.
Mas a solidão nem sempre reflete a sensação ou impressão do vazio devastador, pode sim abrir espaços para as conformidades, o crescimento e o autoconhecimento daquele que se deixa ficar por algum tempo esvaziado das ansiedades e premências das coisas que nos rodeiam. Quantas vezes nos permitirmos esse estágio na vida, tantas vezes seremos capazes de articularmos com o nosso interior da mente e do corpo. O exercício requer motivações e interesses internos, que articulem os desejos de mudanças e transformações no ser. Podem ser momentos onde a razão do silencio nos leve ao encontro da verdadeira missão do por que e para que ainda vivemos.
Então o estado do vazio, não precisa ser encarado e sentido como um castigo, uma frustração arrasadora que se abate sobre nosso ser, mas aprendermos que podem ser frutos das nossas ações bem ou mal conduzidas ou resultados naturais da vida. Seja como for a vida precisa continuar e sempre haverá espaços vazios para serem preenchidos com os lucros da boa existência e da certeza de que somos filhos de um SER que nos criou para além da dor e do sofrimento.
Graça Costa
Amparo, 08/2013