A DÚVIDA E A VIDA.

“Esta maluquice, óbvio, não é minha.

Foi ensaiada por Heidegger, um pensador que sempre admirei. Mais tarde, poucos anos, Sartre desenvolvia e desembocava no existencialismo. Parece que até hoje nunca mais houve novidade. Em tempos de "chips, filosofia deve acompanhar o andamento", escutei esta outra doideira numa entrevista na televisão, tem tempo e não me lembro quem disse. Só lembro que foi no "Roda Viva".

Não tenho muita vocação para isto não, Celso. Aliás, não tenho nenhuma. Mas que prefiro acreditar primeiro na existência, e depois nas consequências do existir, sem dúvida que prefiro.

Abração.” UM EMAIL RECEBIDO

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RESPONDI COMO ABAIXO.

É preciso entender a "UNIDADE DA CONSCIÊNCIA", Heideger e Sartre, alongados de listar na espinha dorsal de seus pensamentos chaves, incorporam outros estamentos, totalmente diversos da irrespondível equação cartesiana, seu pai entendia bem Descartes, era cartesiano, conversamos muito sobre isso, leio e estudo filosofia desde menino. Você, sem querer, destaca essa secular verdade no seu texto, de forma espontânea e confessional, e claríssima do PENSO LOGO EXISTO, quando diz "Mas que prefiro acreditar primeiro na existência, e depois nas consequências do existir, SEM DÚVIDA que prefiro. Você não afasta a dúvida. A dúvida é o império da dialética, pode-se dizer, de toda a vida. Não duvido que estou duvidando, PREFERIR e ter certeza são coisas díspares. Valeu me possibilitar o "papo cabeça" provocado. Abr. Celso

É UM TOM DIVERSO, NÃO SHAKESPERIANO, MAS CARTESIANO.ABR. CELSO

"PENSO LOGO EXISTO."

O “Penso logo existo” cartesiano desfilou pela cultura do mundo de forma marcante e marcando. Entre os clássicos obteve de Nietsche a pecha de infantilidade. Seria uma superstição popularesca, fruto de épocas imemoriais, ou seja, o sujeito e o“eu” provocando contradições. Seria isto brincadeira da infância para Nietzsche. Segundo o pessimismo do filósofo, impossível se afigura extrair da conscientização do “ser” algum “eu”. Resulta em intelectualismo metafísico de um “saber” superficial e imaturo.

Esqueceu-se de dizer o filósofo pessimista que Descartes mostrou a unidade de consciência, de conhecimento de caráter puro, sem sofismas.

Estamos diante do esteio básico da racionalidade. “Se penso existo”, abraça a dúvida radical, hiperbólica. Construiu sobre o império da dúvida uma certeza.

Duvido de minhas sensações, de minhas emoções frente ao mundo, logo que muito me enganam, e duvido da realidade que se apresenta, até das ditas exatas, matemáticas, duvido de tudo que se põe a minha frente com certeza lógica. Mas concluiu taxativo:

MAS NÃO DUVIDO QUE ESTOU DUVIDANDO.

Temos assim, o “penso logo existo”, axioma cartesiano, alicerce do saber moderno lançado em 1637 pelo dualismo de Descartes; alma,repositório de intelectualidade, razão, consciência e mente; corpo, conteúdo de matéria.

Como contestar a evidência? Se estou duvidando tenho a certeza da dúvida, não há infantilidade nesse estado mental, mas racionalidade e consciência. Nietzsche sempre extrapolou, desde a sua crença exclusiva no homem dotado, no seu “super-homem”, exclusiva razão para cuidados e investimentos, até a contrariedade do sistema logístico, cartesiano, como expendido por Descartes, que morreu em paz embora agnóstico.

O“penso logo existo” cartesiano não faz prosélitos em nossos dias, nulidades muitas são declinadas, veículos de comunicação, todos, desinformam, desestimulam o estudo, fazem prosperar as nulidades, incentivam o descrédito ao estudo, encorajam manifestação de tolices, envolvem a mitomania que busca aparecer, afrontam até mesmo o “penso logo existo”, pois nem mesmo a dúvida aparece nesses magistérios do absurdo, desdizendo o óbvio e maltratando a primariedade, que seja.

Esperamos que o “existo” cartesiano, faça as pessoas pensarem, mesmo que estabeleça a dúvida que edifica e constrói, mesmo assaltando consciências.

É BOM PENSAR, MEDITAR, EXISTIR PARA ESSE FIM..............

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EXCELENTE SEU COMENTÁRIO, NÃO EXISTE ENFRENTAMENTO EM QUE EXISTIR É O PRIMEIRO MOVIMENTO, MAS VOCÊ DISSO NÃO TEVE O QUÊ? DÚVIDA!!! PARECE COMPLICADO MAS NÃO É, EXISTE-SE COM SEUS COROLÁRIOS SUBSEQUENTES, MAS HOUVE UM EXERCÍCIO DE QUESTIONAMENTO ONDE A DÚVIDA PRESIDE CONCEITOS, E POR ISSO EXISTE-SE, PARA DUVIDAR DAS CONSTRUÇÕES ERIGIDAS.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 28/08/2013
Reeditado em 28/08/2013
Código do texto: T4455445
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