A DEUSA DAS ÁGUAS
Foi aqui nessas areias, eu dormia ao fim da tarde quente de verão. Tu me acordaste fazendo cócegas em meu rosto com as pétalas de uma flor.
Foi como acordar de um sono e mergulhar num sonho. Teu doce sorriso me enfeitiçou, teu vestido simples de moça pobre, molhado, colado ao corpo de uma deusa trazida para mim pelas águas do Riopardinho.
Então nossos olhares se encontraram, nossos corações dispararam como o rugido de um tropel descontrolado e uma força indomável uniu nossos lábios e nos amamos com a intensidade de mil vulcões.
No dia seguinte nos despedimos, eu precisava voltar ao trabalho.
Foi apenas uma semana, a mais longa de minha vida, em que eu pensava em ti o tempo todo e sonhava contigo.
Então veio o fim de semana e eu corria campo a fora em busca do rio e dos teus braços. Mas a realidade, cruel e inexorável me prostrou de joelhos, incrédulo! As mesmas águas que te trouxeram, te levaram para sempre. Ousaste amar um mortal e isso não é permitido as deusas das águas.
Lauro Winck