Mas que grande mamão!...

Em Évora há uma rua com o nome Rua das Amas do Cardeal. Esta rua é uma homenagem às mulheres que ampararam o rei na sua velhice.

Mas comecemos pelo princípio:

D. Henrique nasceu em 1512, filho de D. Manuel I o Venturoso e irmão do rei D. João III.

Enveredou muito novo na vida eclesiástica. E muito cedo Henrique recebeu o sacramento da ordenação, para promover os interesses portugueses na Igreja Católica, na altura dominada pela Espanha. Ele subiu tão rápido na hierarquia da Igreja, que com 14 anos tomou ordens, tendo sido rapidamente Arcebispo de Braga, com apenas vinte e sete anos, primeiro Arcebispo de Évora, Arcebispo de Lisboa e ainda Inquisidor-mor antes de receber o título de Cardeal

Todo este rapidíssimo percurso só foi possível dado à sua posição de Infante de Portugal. Foi também candidato a papa, conseguindo no conclave, quinze votos. Mas ao que parece houve mãozinha do rei seu irmão que tudo fez, inclusive, comprar votos, mas isso é outra história.

D. Henrique vivia só para a Igreja e nunca lhe passou pela cabeça vir um dia a ser rei. Era filho de rei, irmão de rei, tio-avô de rei e acabou por ser rei.

Quando o seu sobrinho-neto (D. Sebastião) morre em Alcácer-Quibir, com apenas vinte e quatro anos e sem deixar descendência. Coube ao cardeal a coroa de Portugal. Tinha D. Henrique na altura sessenta e seis anos e segundos médicos já sem probabilidades de deixar descendência. Segundo eles, devido à sua idade e castidade «ter a sua natureza esquecido aquelas vias», até porque, ainda não se haviam inventado os famosos comprimidos azuis, mas quem sabe, havia sempre a hipótese de um milagre.

Mesmo assim, pediu ao papa dispensa para poder casar. Só que a tal bendita dispensa, não chegou a tempo e ele finou-se antes de poder cometer o tal pecado carnal. Mas estou a adiantar-me.

Convencido que iria casar, pois falou-se em D. Isabel de Áustria com 24 aos ou D. Maria de Bragança de 13. A sua cabecinha deveria andar nas nuvens, porém, a sua saúde começou a preocupa-lo. E perante tal árdua tarefa a desempenhar, achou por bem que se o leite materno era bom para as crianças também a ele o rejuvenesceria. Foram então contratadas, não sei quantas amas, para fornecerem o leitinho a sua majestade, o cardeal rei D.Henrique, que até ao final da vida só se alimentou de leite materno.

Não sei quem foi o autor da ideia, tampouco se conhece se a terapia resultou, o que sei, é que muita criança deve ter passado fome para se poder alimentar tal mamão. Morreu dois anos depois de subir ao trono, com 68 anos, talvez duma overdose de leite.

Lorde
Enviado por Lorde em 27/08/2013
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