Bebel e a xiringa...
Bebel era doida pra ter um estojo daqueles de madeira, cuja tampa se deslizava. Mas neca do papai noel ou do papai Luis satisfazer-lhe este desejo. Os tempos andavam bicudos e Bebel já ia pro quarto ano curtindo aquela frustração. Até que pintou uma idéia. E nela Bebel botou fé: por que não usar um dos daqueles dois estojos de seringa e agulhas para aplicar injeção que seu pai guardava em casa com o maior desvelo?
Tava ali, a sua mão a solução para a amargura curtida havia anos... Não eram de se deslizar a tampa, mas eram de tamanho regular, metálicos, e de tampa de encaixe. E Bebel escolheu o maior deles, acomodando em seu interior lápis, borracha, uma gilete, a lapiseira, e lá se foi toda cheia de si para mais um dia de aula.
E foi só Bebel tirar da pasta a novidade, veio a reação presta do Alfredinho, um menino mirrado, mas espirituoso feito ele só soltar um quase grito de espanto, que chamou a atenção de toda a classe:
- Óia a xiringa!
Bebel não teve onde esconder o desapontamento. Cabisbaixa, guardou os pertences, e silente, jurou de morte o Alfredinho e nunca mais quis tomar injeção.