Gente Feliz Não Enche o Saco
“Torço pela felicidade dos outros.
Gente feliz não enche o saco!”
Autor Desconhecido
Gente feliz não enche o saco!”
Autor Desconhecido
Dia desses, me deparei com a frase acima. Depois da risada inicial e de identificar alguns amigos entre os infelizes que cansam a gente com sua dose diária de infortúnios, vem o senso crítico exigir um pouco de razoabilidade. Será que basta ser melancólico pra ser chato?
Sei não. Já saiu até uma matéria no Correio Braziliense, falando sobre a invejinha provocada em nós, humanos-normais-que-lutamos-dia-a-dia-para-conquistar-nosso-espaço-na-vida, quando nos deparamos com aquelas pessoas por quem a sorte parece ter injusta predileção. São delas os melhores relacionamentos, filhos, empregos... É tanta felicidade que enjoa. Chatos!!
Pois é. Acho que, o que enche o saco não é a tristeza ou a alegria do outro, mesmo quando monocórdia, mesmo quando em excesso. O que nos incomoda é a incapacidade de, numa relação, partilharmos nossas próprias angústias ou êxtases. O chato não é o cara que fala de si, isso todos nós fazemos. O chato é aquele que só fala de si, seja para rasgar-se em tristezas, seja para ostentar riquezas e não nos deixa espaço para fazermos o mesmo. É aquele que, não importa o tamanho do problema ou sucesso de seu interlocutor, sempre terá algo muito maior para partilhar. “Isso não é nada perto do que aconteceu comigo” é uma de suas frases favoritas. Este sujeito é o que chamamos de vampiro emocional. O chato diminui a importância das emoções dos coitados que são obrigados a conviver com ele ao ponto de eles se sentirem fúteis por tê-las, ao mesmo tempo em que os sufoca com as suas próprias emoções, sempre tão superlativas. Meia hora de papo com um sanguessuga desses nos deixa culpados, exaustos e vazios.
Desejar que um depressivo seja feliz é válido, porque é bom desejar o bem ao outro. Mas supor que isso neutralizará sua chatice é ingênuo.
Melhor usar contra eles as suas próprias armas. Antes que ele inicie seus discursos, invente dores e prazeres insuperáveis e intermináveis. Não lhe dê chance para interromper, a não ser que, de repente, ele "precise ir". Não se desespere. Isso não demora muito. Nem mesmo o chato mais competente suporta a peçonha de seu próprio veneno.
Texto publicado no jornal Alô Brasília em 23/08/2013.
Sei não. Já saiu até uma matéria no Correio Braziliense, falando sobre a invejinha provocada em nós, humanos-normais-que-lutamos-dia-a-dia-para-conquistar-nosso-espaço-na-vida, quando nos deparamos com aquelas pessoas por quem a sorte parece ter injusta predileção. São delas os melhores relacionamentos, filhos, empregos... É tanta felicidade que enjoa. Chatos!!
Pois é. Acho que, o que enche o saco não é a tristeza ou a alegria do outro, mesmo quando monocórdia, mesmo quando em excesso. O que nos incomoda é a incapacidade de, numa relação, partilharmos nossas próprias angústias ou êxtases. O chato não é o cara que fala de si, isso todos nós fazemos. O chato é aquele que só fala de si, seja para rasgar-se em tristezas, seja para ostentar riquezas e não nos deixa espaço para fazermos o mesmo. É aquele que, não importa o tamanho do problema ou sucesso de seu interlocutor, sempre terá algo muito maior para partilhar. “Isso não é nada perto do que aconteceu comigo” é uma de suas frases favoritas. Este sujeito é o que chamamos de vampiro emocional. O chato diminui a importância das emoções dos coitados que são obrigados a conviver com ele ao ponto de eles se sentirem fúteis por tê-las, ao mesmo tempo em que os sufoca com as suas próprias emoções, sempre tão superlativas. Meia hora de papo com um sanguessuga desses nos deixa culpados, exaustos e vazios.
Desejar que um depressivo seja feliz é válido, porque é bom desejar o bem ao outro. Mas supor que isso neutralizará sua chatice é ingênuo.
Melhor usar contra eles as suas próprias armas. Antes que ele inicie seus discursos, invente dores e prazeres insuperáveis e intermináveis. Não lhe dê chance para interromper, a não ser que, de repente, ele "precise ir". Não se desespere. Isso não demora muito. Nem mesmo o chato mais competente suporta a peçonha de seu próprio veneno.
Texto publicado no jornal Alô Brasília em 23/08/2013.