Conversa de botequim
-- Devemos ser prudentes, pois perigos inimagináveis se escondem atrás de sorrisos fáceis, e palavras doces. Há todo um mundo doentio, que se esconde por traz da inata ideia de felicidade. Um mundo que pode ruir os alicerces da mente mais sã de todas. Pessoas estão lá fora, brincando a todo o momento com sentimentos alheios, tratando as necessidades que não são suas meramente como lixo. Zombam de sonhos, desejos, dos segredos pueris de tua alma, objetivam descobrir teus medos mais escondidos, para assim provocá-los, despertá-los a seu bel-prazer, para assim saciar seu mesquinho desejo pelo descontrole alheio. E não importa o quão controlado és, sempre se acha uma brecha para por à corda bamba sua razão. E, creia que balançará, irá chafurdar na lama da loucura enquanto pensas que é amor. Enredar-te-á em uma teia invisível, se acusações e joguetes, onde quem comanda, se diz oprimido e te diz opressor, esse é o jogo o mesmo que se diz fraco, lhe acusará constantemente para talvez criar, uma atmosfera onde ele seja a vítima, e colherá o que tu dizes para usar contra ti, se a caso não perdes a calma, jogará mais baixo, atirará em tua face todos os teus defeitos, medos e frustrações. Gritará, dirá palavras de baixo calão, para que percas a paz e logo a consciência dos teus atos. Acalma-te se puderes, mas creio que não há como, pois a esta altura já avista o demônio nos olhos de quem ama, e tudo o que era bonança vira marulho. Isso se repetirá, amanhã, depois, depois e assim até culminar no temível fim, onde o que dizia ser o oprimido, a vítima, o que era atacado, se tornará o juiz e dará a última sentença, crava no peito o punhal, a reafirmação de que você é o bandido, afinal você não pode manter o controle. E o que resta a fazer a não ser aceitar a sentença? O que fará você, a não ser fechar os portões de sua vida, e reforçar os muros? Depois de cortada a cabeça o oprimido, a vítima dos teus delírios. Delicia-se com teu sangue escorrendo ao chão, sorri e sai pelas ruas a mostrar seus sorrisos fáceis. Para você, meu amigo restará apenas a morte da coisa mais terna que um homem pode ter, o amor.
-- Isso é o que mostrava aquele drama de ontem Alberto, mas aqui, no mundo real o amor já morreu faz tempo, paga logo outra rodada.
“Melhor eu não dizer que essas ideias não são dum filme, não posso correr o risco de dividir meus sentimentos com ninguém!” - Pensou Alberto enquanto sorvia o líquido amargo de seu copo, e olhava as pessoas que riam do nada a sua volta.