O discurso como crítica
O discurso como crítica
A crítica passou a ser argumento constante, todos passaram a ter “verdades” e opiniões, todavia, perdeu-se o respaldo do discurso. Não há qualificação, há, apenas, a vontade do poder. A modernidade criou prisões em zonas de conforto, na qual, muitos não se atrevem a atravessar as esquinas do saber e vivem explicando a complexidade, a partir de um ponto de vista.
Pontos de vista buscam sustentar os argumentos, que vêm fragmentados de citações decoradas, em teorias escolhidas para suprir as necessidades e os anseios que o complexus provoca. A opinião passou a ter embasamento e tudo é explicado, mas nada é confirmado, logo, conceitos são criados e verdades são fabricadas. A verdade, que deveria ser uma incompletude, passa a ser abalizada na fragilidade do leitor ou ouvinte e, assim, dominante e dominado são vítimas do discurso.
Há fragmentação de ideologias e os objetivos são, quase sempre, buscados sem mensurar os resultados. Não há mais responsabilidade e não interessa mais o sujeito, sendo assim, o discurso passou a ser imposto. Há vozes, não ideais; há guetos, não forças. As múltiplas opiniões conturbaram a modernidade e ao invés de uma unidade, ressaltou-se a diversidade.
Os paradigmas foram, apenas, substituídos, mas tudo parece cristalizado, todavia, percebe-se que há uma vontade de movimento, mas ainda não há direção. O caos assusta e acalma, mas não responde e nem completa as lacunas. Teorias discutem entre si e se completam e se destroem; uma emulação provocada pela crítica, opinião e argumentos.
Analisa-se o sujeito através do seu discurso e o qualifica, dando-lhe respaldo e credibilidade; é o poder do argumento. Sabendo disso, alguns fragmentam conhecimentos e passam a ser ecos de vozes que pensaram e que responderam a um “cronotopo”.
O discurso passou a ser uma crítica; discursos vilipendiando discursos, no jogo do poder do argumento superficial fragmentado.
Mário Paternostro