Eu e a tal Ansiedade
Pessoas ansiosas sofrem. Sofrem de gastrite, sofrem por viver muito. Não conheço um ansioso que seja satisfeito. Quer dizer, ainda não conheço. Mas assumo minha predileção pelos ansiosos-insatisfeitos, os que roem a unha, os que tem sentem dor no estômago por viver demais, por sentir demais.
A insatisfação é o que não deixa parado. Eu vivo com um misto de inquietude ás vezes triste, mas a maioria com alegria. E haverás de me perguntar o por quê dessa alegria se não estou satisfeita. O bem-estar se encontra na busca, em estar sempre buscando o algo mais, o não sei o quê da vida e das pessoas.
Eu tenho metas, sim. E muitas. Mas não sou daquelas que diz que precisam colocar seus planos em prática. A parte ativa dos planos é viver. É dia-a-dia, é o cotidiano safado que surpreende, que te dá reviravoltas nos planos e no estômago.
Eu sou feita de sentimentos e pele. Sempre digo isso. Muita pele, muita química que arremata a minha epiderme. Coração e estômago que sentem tudo na mesma intensidade. A cabeça racionaliza, o corpo se move, o coração sente (tudo, mas tudo mesmo), mas quem padece mesmo é o estômago.
Os que se sentam em frente à tv e se satisfazem são mornos, eu odeio coisas mornas. Os que (só) se sentem felizes em meio a amigos de bar ou de ocasião, nas baladas, esses… bem, estes a meu ver são medíocres; não sabem ficar em silêncio e ouvir a si mesmos. Esses tipinhos são satisfeitos com as frivolidades dessa vidinha imunda e cômoda que geralmente nos leva.
E eu? Ah, eu levo minha insatisfação para passear! Eu a levo quando vou ao cinema e também quando vou a uma festa. Eu a levo para uma caminhada na ciclovia, para a dança do ventre. Eu a levo em mim quando um trabalho meu é elogiado ou quando quero sair correndo de um emprego porque ali não sou feliz. Eu me permito ser intensa e por deveras vezes, me permito sentir tudo até o fim, até que a morte me separe de sentir, até que o meu sentir sinta-se completo. Eu? Eu vivo e estou muito viva o tempo todo, 24 h por dia.
Prazer, Cristiane!