PESSOAS PERFEITAS
"Pessoas perfeitas
não mentem
não bebem
não brigam
e não existem"
A afirmação acima não é minha. Mas, hoje, do alto dos meus quase 62 anos, concluo que concordo em gênero, número e grau com ela. Nem sempre foi assim. A gente vai avançando pelos caminhos da vida, acreditando, se desiludindo, tropeçando em amigos que não eram tão amigos, esbarrando em pessoas que pouco nos acrescentam, apostando todas as fichas naquele homem ou naquela mulher que nos pareciam o príncipe ou a princesa encantados, chegamos a vislumbrar o cavalo branco que os conduz, ofertamos o coração repleto de rosas, entramos de cabeça e ferimos as mãos nos espinhos. Por que? Porque a nossa esperança e a nossa imaginação acabam encobrindo a realidade, porque são maiores do que aquilo que o outro nos pode dar. Esperamos demais e aí vem a desilusão! O cavalo não era nosso mas o tombo sim, e que tombo! E assim, entre tombos e espinhos a gente vai aprendendo... Aprendendo que ninguém é perfeito, que cada ser humano é um mundo em si próprio e, como tal, tem desejos, anseios, hábitos; é uma personalidade única, porque não existem duas pessoas iguais. Quando muito pode ser um pessoa com características aproximadas das nossas, mas nunca igual.
Talvez aí resida o cerne das decepções que todos nós colhemos, especialmente na juventude. Costumamos idealizar pessoas e situações e acabamos dando de cara na parede. A dor inicial, obviamente, vai passando com o rodar do tempo e as cicatrizes que ficam nos alertam e ensinam. Feliz de quem passa por desilusões sem mágoas! Porque a mágoa não deixa a ferida cicatrizar e, a cada novo encontro, ela sangra e nos torna desconfiados. E o não confiar é uma barreira que impede novos encontros.
Eu sempre confiei nas pessoas. Prefiro dar, a princípio, um voto de confiança e retirar o voto quando ela não corresponde. Isso fez com que eu caísse do cavalo muitas vezes. Mas sempre fui assim, embora, hoje, com a maturidade, eu esteja mais seletiva, mais prevenida, mais esperta. E procuro amar as pessoas tais como elas são e não como desejaria que fossem. Foi a forma que encontrei para suportar esse mundo que ninguém conserta... e que, apesar de tudo, ainda mantenho a esperança de ver, quiçá num futuro longínquo, consertado! Mas, então, creio que não estarei mais aqui... Será?