Palavras
Minhas palavras são como as lágrimas que saem dos olhos e aliviam o que tem dentro. A diferença é que elas saem dos punhos.
E, ao invés de úmidas, vêm disfarçadas em Português.
Minhas palavras aliviam o lado de dentro, mas perturbam as mentes de quem calhar de lê-las, tão pesadas podem ser. Mas por vezes, aliviam o lado de fora também.
As minhas palavras nascem, morrem, renascem. Ora são rimadas, ora erradas, desencontradas, sem sentido, pra que sentido? É só sentir. E cobrem paredes, papéis, peles, pés.
E se vão em memórias, voltam e trazem alguns cheiros, levam medos, lavam a alma.
São cuspidas, choradas, faladas, repetidas, compridas, com rimas, são minhas, só minhas, borradas, caladas, coladas, sozinhas, sofridas, e frias, e sujas, imundas, ou mudas, são suas.
Faço suas, as minhas palavras.