Palavras

Minhas palavras são como as lágrimas que saem dos olhos e aliviam o que tem dentro. A diferença é que elas saem dos punhos.

E, ao invés de úmidas, vêm disfarçadas em Português.

Minhas palavras aliviam o lado de dentro, mas perturbam as mentes de quem calhar de lê-las, tão pesadas podem ser. Mas por vezes, aliviam o lado de fora também.

As minhas palavras nascem, morrem, renascem. Ora são rimadas, ora erradas, desencontradas, sem sentido, pra que sentido? É só sentir. E cobrem paredes, papéis, peles, pés.

E se vão em memórias, voltam e trazem alguns cheiros, levam medos, lavam a alma.

São cuspidas, choradas, faladas, repetidas, compridas, com rimas, são minhas, só minhas, borradas, caladas, coladas, sozinhas, sofridas, e frias, e sujas, imundas, ou mudas, são suas.

Faço suas, as minhas palavras.

Cris Souza Pereira
Enviado por Cris Souza Pereira em 21/08/2013
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