VERMELHO

Qual a sua cor? De que tamanho é o seu amor? Ao que ele cheira? Seja você Preto, Branco, Pardo, Baixo, Alto, Magro, Gordo, Hétero ou Gay; por maiores que sejam as nossas diferenças, debaixo disso tudo somos de uma cor só: Vermelho!

Não entendo essa necessidade das pessoas quererem padronizar tudo, inclusive a vida dos outros à sua maneira, inclusive os seus sentimentos. Não entendo essa necessidade de viver metendo o "bendelho" onde não existe a necessidade. Essa mania de olharmos uns para os outros como se fossemos ou estivéssemos infelizes, como se fossemos prisioneiros da grande maioria das nossas escolhas, como se a felicidade fosse um pesar e sorrir um julgo acima da nossa capacidade. Mania que as pessoas tem de querer que sejamos "felizes" como elas são. De que a sua felicidade sirva para mim também. De que o seu "amor" padronizado, embalado e enfeitado com fita crepe encaixe-se perfeitamente em mim. Mania de querer que eu me encaixe em seu mundo, me embrulhe em celofane e sorria enganando aos outros, enganando a mim. Porque tudo tem que ser como a sociedade quer? Me desculpem, mas eu não abro mão da minha "imperfeição" para viver em seu mundo perfeitamente padronizado, canalizado apenas pela razão.Porque quem ama, perde a razão. Uma, duas, três, dez vezes. Milhares de vezes. Milhões de vezes e mais um pouco. Quem ama não escolhe amar pela cor ou sexualidade, seja ela condicional ou não. Se entrega! Não enxerga de forma limitada, enxerga através da cor que nos une, através do vermelho.

Um casal hétero amaria mais que um casal gay, ou vice versa? O amor é mais puro em um dos dois? Pode-se definir quem ama mais e quem ama de menos? O fato de convivermos em uma sociedade Homofóbica SIM e Preconceituosa TAMBÉM (Ainda que de estreita, às escondidas), faz parecer que porque-foi-sempre-assim e essa-é-a-ordem-natural-das-coisas nós não podemos contestar a nossa forma de viver. Faz parecer que precisamos aceitar as coisas de bom grado sem questioná-las, sem antes identificar um pouco que seja de compatibilidade com elas. Sem saber se as nossas diferenças aceitam outras como companhia. Se queremos ser como pregam o ser. Debaixo da pele somos todos iguais. Corre em nós um mesmo tipo de vermelho, o vermelho sangue. Bate um coração no lado esquerdo do peito de cada um. Todos nós possuímos um par de olhos, um par de orelhas, uma boca, um nariz, duas pernas e duas mãos. Se são tantas as nossas semelhanças o por que de vivermos procurando tanto enfatizar nossas diferenças? O por que de tanta intolerância? Um Homossexual precisa ser necessariamente o portador do vírus HIV? E precisa ser Negro para ser Ladrão? Deveríamos nos envergonhar da forma como enxergamos as diferenças do outro no outro. Deveríamos encará-las como se fizessem parte de quem somos e atribuir no mínimo o respeito.

Precisamos repensar nossa forma de encarar a vida. Se você não souber o que dizer ao seu filho quando ver dois homens andando de mãos dadas na rua, não diga. Se você não souber o que fazer quando ver duas mulheres se beijando, não diga. Se não souber o que falar, se você não souber reagir não reaja, e nem precisa nem deve. Na ausência do que dizer se cale. Ou simplesmente quando for questionado lembre-se que o amor não se limita, não se descreve, não se submete às nossas necessidades mesquinhas de estarmos certos ou errados a respeito das coisas, a respeito da vida. Lembre-se que, por maiores que sejam as diferenças, diante de Deus somos todos vistos de igual tamanho e cor. E se Ele, que é Deus, não nos obriga a seguir pelo caminho que ele nos condiciona e convida, porque devemos aceitar que outros nos condene e apedreje? Porque devemos aceitar essa revolta que incita o ódio ao ponto de matar por sermos diferentes? Porque devo eu me calar quando o meu sangue grita? Porque devo me esconder para obter esse respeito mascarado?

De que tamanho é o seu amor?Ao que ele cheira? Qual a sua cor? O que você vai dizer ao seu filho quando ele questionar de que cor é o seu amor? Existe mais de uma forma de deixar sementes boas nas pessoas: amando incondicionalmente cada uma delas. Talvez discordando quando precisar, mas respeitando sempre a forma como elas decidem seguir com a sua vida, ainda que o caminho escolhido vá de contra partida com o nosso. Ainda que o meu amor, a minha felicidade, a minha vida não sejam como a deles. Porque debaixo dessa "capa" somos todos iguais, sangramos da mesma maneira, sangramos iguais, sangramos vermelho.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 21/08/2013
Código do texto: T4444177
Classificação de conteúdo: seguro