A pressa na vida diária
Existe um ditado que diz que a pressa é inimiga da perfeição, mas nos dias atuais, na rotina diária das pessoas parece que isso tem pouca ou nenhuma validade, bem pelo contrário. O que se observa é que tudo tem que ser feito com rapidez e mesmo assim, alguns sempre estão atrasados.
Apesar dessa pressa toda, apesar do frio e da chuva, o sol volta sempre a brilhar outra vez. E eis que ele mais uma vez se apresenta, dia lindo esse de hoje de manhã. Hora de abrir a casa, arejar, deixar o sol entrar. Os varais, roupas ao vento, o cachorro faceiro, que late para a rua movimentada. A criançada que passa alegre,estripulias pelo caminho. O velho que caminha pela calçada, trôpego, passos lentos que o tempo assim formatou. Para este, a pressa agora já não deve mais fazer sentido, o importante é saborear cada momento. Jovens felizes, cheios de energia, já planejando o final de semana. Pois bem, enaltecer esta maravilha da natureza nunca é demais, na verdade, é a vida que palpita, uma obra de Deus. Estas minhas observações nada mais são do que o natural movimentar de qualquer cidade. Movimentar das pessoas em geral de forma apressada,com rapidez.Quanto às cidades, quanto maiores, não apenas maior é o número de seus habitantes, mas também a pressa que imprimem no seu transitar, quer seja motorizados ou não.
Com estes pensamentos, lembrei-me de que tenho alguns compromissos no centro da cidade. Sair e respirar outros ares sempre faz bem, mesmo que seja ir só até a esquina. E lá me vou... gosto de observar os lugares por onde passo, de ver o circular das pessoas.
Dobro esquinas e vejo numa rua bem movimentada, um casal de idosos em cima da calçada tentando ali atravessar a rua. O homem magro e alto, de camisa xadrez, puxa a mulher corpulenta e se vai, mas com o ranger de pneus, assusta-se e volta puxando a mulher. Em seguida dois rapazes estilo urbanos, apressados a rua atravessam e o casal mais que rapidamente, quase que correndo junto, enfim também conseguem atravessar.
Estou saindo duma banca de jornais, quando do outro lado da rua vejo uma jovem caminhando apressada. Seu cabelo que cai por cima dos ombros balança conforme o som de cada passada que dá. E com o seu toc toc toc, lança uma rápida olhada para a vitrine e ali naquela loa entra.
Aquele senhor, engravatado e de terno, na mão segurando uma pasta, também está com muita pressa, sobe rapidamente a escadaria do banco e some por detrás da roleta.
A senhora parecendo muito distinta, bem alinhada dentro do seu vestido de cor cinza, ao atravessar a rua vê-se obrigada a correr, mesmo estando em cima da faixa de segurança. Imaginem a cena, toda aquela elegância correndo... Mesmo o sinal aberto para a dona passar, a impaciência dos motoristas é visível, arrancam em disparada, parecendo até que tem que chegar em tempo de tirar a mãe da forca.
E lá vai mais uma turma, pessoas de bairros, do interior, carregando bolsas e sacolas, é o povo que corre. Vão indo com aquilo tudo, literalmente correndo para chegar em tempo de não perder o ônibus, de chegar em tempo no seu trabalho.
Dizem que tempo é dinheiro e este fator, talvez o único, o responsável pela pressa das pessoas. Na sua rotina diária, a luta pela sobrevivência, o batalhar para mais e mais conseguir e também para não perder o poder econômico e social já conquistado. Mas por mais que se apressem, mesmo que The Flech fossem, no final todos acabam no mesmo lugar.
Caminhar com calma, pelo menos alguns minutos por dia, deixar a ansiedade e o stress seguirem seu caminho sozinhos não será melhor?