abelhas e jornalistas

Por algumas vezes na vida, já tive vontade de ter uma criação de abelhas. Cheguei a pensar em tudo, até mesmo minha alergia seria contornada, acho que optaria pelas melíponas (abelhas sem ferrão) que habitam em minha região.

Não criaria por fins econômicos, tampouco para enfeitar meu ambiente. Criaria pela fertilização que elas podem proporcionar, que serve não apenas para diversificar meu jardim, mais também para minhas ideias. As convicções e valores de uma pessoa podem ser comparados com flores, há as com espinhos, com perfume, há as de diversas cores. Acredito que se meu jardim fosse de cores uniformemente organizadas, lembrariam um velório. Aliás, não acham inapropriado enfeitar um defunto com o símbolo da vida? Quão inapropriado formar convicções fechadas sem dar chance de que sejam semeadas pelos visitantes que o universo nos envia. Há flores secas por toda parte. Soube de varias pessoas de mente fechada, que ao encontrar-se no fim da vida, descobriram um imenso desapego por tudo o que achavam importante, tanto no campo material quanto de algumas crenças que agarravam feito um náufrago numa boia. Não sou preso a ideia de que já cresci e portanto minha verdade é a absoluta. Simplesmente respeito o que o universo me ensina. Pois a sabedoria que ele traz com minhas amigas abelhas criou um extremo laço de dependência com elas. Porque os ciclos da vida estão em toda a parte, inclusive no que se refere a aprendizagem de uma pessoa. No final, Acabamos esquecendo muitas coisas que antes eram importantes. Mais não as mais importantes. Passarei a desaprender algumas coisas para dar lugar a um aprendizado diferente, isto é , um aprendizado que não pode ser entendido por minha mente analítica. A sabedoria é um mel doce demais para os amargos, para os que não fazem silencio para viajar nos sons das gotas de chuva do fim da tarde. As abelhas são criaturas curiosas. Gostei de saber de seu voo nupcial. Que é quando as princesas recebem os príncipes de outros reinos para fins de troca de conhecimento (genotípico- mais precisamente falando), aí então ela será rainha e mãe de todos na sua casa. Há! Sim e nesse processo ela mata as princesas dessa nova cria pra que não haja disputa de poder. acho que não estou pronto para aceitar esse egoísmo. Mas elas sim, e se aceitam é porque compartilham de um conhecimento diferente do meu, seria meu senso de moral a verdade absoluta? Bem, elas não julgam a si mesmas , elas são o que são, e se eu não aprender a aceitar o que contraria meu intimo implacável juiz, jamais estarei aberto a esse reino de plenitude e sabedoria, que sei que são superiores.

O conhecimento de que dispomos algumas vezes pode ser cansativo. Ligo minha tv e vejo os mesmos rostos trabalhado incessantemente para trazer as últimas , das barbáries desse mundo. Penso como é difícil a profissão de um jornalista, tendo que ser testemunhas diariamente de fatos que são agressivas a alma, mesmo assim ficamos lá assistindo impressionados. As notícias tem esse poder de viciar daquilo que achamos que nos devemos nos acostumar, lançam os pólens de ortigas ao vento, que contaminam o meu jardim. Pois a nossa representação do mundo é o reflexo do que focalizamos diariamente. Quem sabe aquele defunto não combina mais com esse novo cenário? Disso não sentirei falta quando me for dessa vida, mas antes que tudo termine, antes que um novo ciclo comece, quero que minhas amáveis abelhas me ensinem o suficiente para experimentar os maiores doces da vida, apesar das ferroadas.

Tesla da escrita
Enviado por Tesla da escrita em 20/08/2013
Código do texto: T4443821
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