Você é meu mapa

Um dia eu ouvi uma filha dizer para a mãe dela, a seguinte frase:

- Mãe tu é meu mapa". Na verdade, ela quis dizer, que MA era de mãe

e PA era de pai, por isso "mapa". Mas daí eu fiquei refletindo, na vida

das pessoas existem realmente mapas e não são mapas astrais. Tem

pessoas que ao nascerem, seus pais ou avós já tratam de fazer a tra-

jetória de suas vidas, como se fosse um mapa traçado. Escolhem quan-

do devem parar de mamar; quando caminhar; quando começar a falar;

ensinam a comer de sua maneira; deixam as crianças brincarem só com

quem elas querem; visitam as pessoas que os adultos preferem; esco-

lhem o colégio que irão frequentar; escolhem os amigos; obrigam a vi-

sitarem parentes que elas não gostam; decidem pelo curso de inglês;

procuram colocar os filhos nos esportes que gostavam, futebol ou ba-

lé; escolhem a programação da televisão; decidem até o vestibular que

o filho tem que fazer; escolhem a religião; às vezes, escolhem o namo-

rado(a) ou esposo(a); indicam o melhor trabalho e a melhor faculdade;

onde devem morar, enfim, traçam o mapa da vida dela no momento do

nascimento, tirando delas todo o direito de escolhas e opiniões. Daí

tornam-se adultos frustrados e reprimidos, que não tiveram seus gos-

tos e suas escolhas, não puderam pensar no que fazer e como agir,

porque já estava tudo pronto, era só ela seguir adiante e se guiar

pelo mapa traçado.

São adultos reprimidos, adultos que viraram máquinas de outras

pessoas e só fizeram o que elas planejaram, não se revoltaram, co-

mo se fossem robôs feitos em série, obedecendo o seu feitor. Crian-

ças e adultos podados, sem direito a escolhas.

marcia jack
Enviado por marcia jack em 18/08/2013
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