DOMINGO PEDE CACHIMBO
Domingo não é dia de "pé de cachimbo". Conheço cachimbo, mas nunca vi uma planta carregada de cachimbinhos. Ou será o "pé", do qual se fala, a base do pito? Pronto: arrumei uma confusão pra minha cabeça logo cedo neste domingo, que não é pé-de-cachimbo, pois domingo pede cachimbo e, assim, quero viajar entre palavras.Brincadeiras à parte, aspiro os ares de domingo e o aproveito de todas as maneiras que me são possíveis nesta folga semanal.
Sim, domingo pede cachimbo, pede bolo de banana, pede café feito na hora e pede sombra e água fresca.
Descobri quão pouco sei, porquanto tanto há na cultura brasileira, que não aprendi o significado de tanta coisa. Ainda bem que o filósofo me salva da vergonha de "saber que nada sei".
Claro, não é para falar de pés de cachimbos nem do cachimbo que o domingo pede que aqui vim. Eu queria mesmo era falar dos antos domingos em que já depositei meu voto na urna e que esperei ter valido a pena "pois a alma não é pequena". Ai, coitado do Fernando Pessoa. Quanto o martirizamos com a pequenez de nossas almas! Sim, mas eu desejava falar do domingo que é dia de saudade.
Eu, particularmente, sou fã das minhas saudades. Tenho saudades de tudo, dos amados que já partiram desta vida, da fatia de pão com manteiga cortada em tirinhas, que minha mãe fazia pra mim, para facilitar o engolimento e eu não perder a hora, de manhã.
Saudade do meu pai, fingindo que ia morder minha mão, quando eu mexia no bigode dele. Saudades dos outros que viajaram antes. Saudades da garupa da bicicleta e dos jogos de bola queimada no pátio da escola.
Ah, claro, e das músicas! Sempre fui movida a música. Como não podia deixar de ser, hoje é dia de rolar saudade.
Traga-me o cachimbo, quero dar umas baforadas.
Agosto, 18.2013
19:26