Verdade de La Palisse

Uma verdade de La Palisse, quer dizer que a evidência é tão grande, que se torna ridícula.

Jacques de Chabannes, senhor de La Palice (1470-1525), foi um guerreiro francês que nada fez para ter uma fama tão negativa.

No seu tempo, como chefe militar, tornou-se célebre pelas suas vitórias em várias batalhas. Morreu em combate na batalha de Pavia. Os soldados que ele comandava, impressionados pela sua valentia, compuseram em sua honra uma canção com versos ingénuos:

«O Senhor de La Palice

Morreu em frente a Pavia;

Momentos antes da sua morte,

Podem crer, inda vivia.»

Uma verdade que hoje perdura como a verdade de La Palisse, se bem que, em abono da verdade, ele nada contribuiu para isso. É no que dá certos autores porem-se a versejar, como eu o fiz logo princípio das minhas andanças pelo Recanto.

Recordo-me num comentário que fiz à poetiza Marinez Vidal sobre poesia e respondendo ao desafio de eu também escrever poesia, lhe ter dito que a minha vocação poética se resumia a este tipo de versos:

Ó lua que vais tão alto

Redonda como um tamanco

Ó Maria trás cá a escada

Que não chego lá com o banco.

Eu que a achava um primor levei como incentivo um riso (Rsrsrs) e que o melhor era dedicar-me às crónicas e contos, uma vez que os autores que me visitariam poderiam ficar invejosos com tanta qualidade.

A verdade de La Palisse ou palissada ainda hoje é recordada pelos portugueses na figura de uma certa senhora que é convidada para múltiplos eventos, uma chamada jet-set portuguesa, Lili Caneças. Mais conhecida do que muitos reis portugueses que conduziram o destino de milhões, Lili é uma figura pública que todo povo português conhece, através das revistas e televisão ou no mínimo, pelo menos ouviu falar nela.

A dita senhora, num programa televisivo saiu-se com esta: «Estar morto é o contrário de estar vivo». Fantástico!...

O tal francês é que apareceu primeiro, senão, não seria uma verdade de La Palisse, mas uma a verdade La Lili.

Nota final: Pode-se escrever La Palisse ou La Palice, isto só para que não passe a ser uma verdade das tais!.