Palavras de dentro

Certo dia eu tive um sonho...

... Nele eu me transportava de um lugar para o outro, através das mais profundas lembranças e dos desejos mais profundos. Quando dei por mim estava eu, só, no alto de uma montanha vendo de perto as nuvens passando e sentindo o vento tocar meu rosto. Fechei meus olhos, e senti a presença de alguém, mas não abri meus olhos. E pensei em perguntar se havia alguém ali, mas não disse. E de forma inesperada uma voz doce, serena e delicada disse que sim, estava ali, mas que só estava enquanto eu estivesse com meus olhos fechados. Senti um arrepio, mas senti que seria melhor manter meus olhos fechados. Aquela bela voz disse suavemente, quase num sussurro, para eu imaginar uma coisa que me fizesse bem... Quando me dei conta estava sentado em uma pedra, na beira da praia, sentido as ondas beijarem sutilmente meus pés. Mas continuava de olhos fechados, tinha medo de descobrir a qual voz eu estava seguindo...

E ela, mais uma vez, serenamente começou a perguntar algumas coisas...

-Ei, você acha que você está feliz? – perguntou-me.

Sem pensar, respondi de imediato – Sim!

- Errado... – respondeu com ironia – a felicidade não é um estado do espírito, e sim a concepção de que a vida foi feita pra aprender, e aprendendo estamos abertos a compreender os mistérios que carregamos dentro de nós.

Senti outro arrepio. Junto com ele, veio um medo que me levou as montanhas novamente... A voz se aproximava cada vez mais. Então abri meus olhos... Seria errado... Mas eu fiz... Sem medo... E me assustei deveras... Ao abrir meus olhos me deparei com as ondas batendo nas pedras, estava com o sol a se pôr... O brilho do sol refletia nas águas dando um visual deslumbrante. Senti mais uma vez o vento tocando meu rosto. Ao meu lado, próximo da pedra onde eu estava, havia umas flores... Vi muitos colibris, de várias cores, beijando-as... Senti falta daquela linda voz...

Tentei ver se havia alguém por perto, mas não, não havia. À noite foi chegando, fechei meus olhos. Estava ali mesmo, contudo, iluminando a minha volta havia umas tochas feitas de bambu, a areia esculpia, de forma linda, um rosto... E então ouvi a tão esperada voz... Ela me disse que eu tenho momentos de muita insegurança nos momentos em que se é preciso ouvir a voz do coração. Então descobri que o grande mistério era que a voz vinha de mim, mas que eu tentava ver, ao invés de ouvir e sentir aquilo que, com poucas palavras, me eram ditas... Aprendi a ouvir a voz que, em segredo, me dizia e me orientava. E de repente acordei assustado, no meio da noite, com uma sensação estranha, mas boa. Só me vinha na mente aquele rostinho...

Eduardo Costa (Apresentador)
Enviado por Eduardo Costa (Apresentador) em 16/08/2013
Código do texto: T4437504
Classificação de conteúdo: seguro