Um Belo Quadro
A casa tem vista para a praia. As ondas espumosas banham de quando em vez a branca areia. Os grãos parecem agradecer a dádiva divina. Alguém, da janela, observa o fluxo e o refluxo da maré. Além, pássaros alegres entoam uma prece ao Divino Criador. Mais ali árvores balouçam lentamente seus galhos em virtude da leve brisa. As flores, que antes foram mimosos botões, abrem um sorriso ao Infinito Bem, refletindo em cada gota de orvalho um raio de luz do maravilhoso astro rei que brilha no horizonte, revelando ao movimentado Sistema Solar que o Supremo Ser não se esquece jamais, em tempo algum, da Humanidade, porque brilha sobre todos, uma encantadora sintonia etérea.
O beija-flor de momento em momento para, batendo as asas, retirando o nécta das flores. Pássaros de grande porte sobrevoam o oceano, participando, também, dessa celestial harmonia. Pequenos barcos a vela passam morosamente pela beira da praia e os pescadores também se encantam com esse maravilhoso panorama.
A água transmite um sussurro característico, capaz de aliviar bastante o peso das atribuições do dia, e cada espírito que se envolve com esse quadro, esquece-se, por instantes, das amarguras da vida. Nenhuma aflição, nem sofrimento podem permanecer da contemplação desse evento inconcebível, dessa visão augusta e dourada, que emanam fluidos salutares e benéficos.
Um colorido magistral vem espalhar-se sobre a Terra que também é assistida pelo Pai Celestial, porque ela, consequentemente, é Sua criação. O céu azul, pingado por brancas e alvas nuvens, revela a todo instante a presença d´Aquele que é todo bondade, todo justiça e todo amor.
Um menininho, acompanhado por seus pais corre, brinca, esperneia, parecendo sentir que deve participar dessa sinfonia gratificante. Observa, a alguns passos de distância, vários pombos sobre a areia límpida e tenta pegá-los. Entretanto, estes voam, em bando, e o meninote fica apenas a vê-los se afastando.
- Papai, grita o menino, pega um para mim! Pega, papai!
O homem simplesmente observa e acompanha, com os olhos, o afastamento dos pombos.
Continuam passeando pela praia. Da janela, alguém os observa sorrindo, como se aprovasse aquela desprendida atitude.
O ocaso se aproxima e eis que os mais fracos raios vão sendo despejados sobre a Terra e esta parece chorar pelo desaparecimento da luz real. O Grande Astro sorri da tolice e da imaturidade da Terra, porque sabe que mais tarde a sua luz será refletida nas estrelas e na lua, satélite natural da Terra.
“Não chore – parece dizer o sol -, porquanto logo mais iluminarei novamente a tua outra face escura,derramarei a minha luz nas estrelas e estas te iluminarão até o próximo dia. Eu estarei sempre contigo, porque foi o Pai quem me mandou velar por ti”.