O ÚLTIMO PÃO-DE-QUEIJO DA BANDEJA ( Eu me importei com aquele pão-de-queijo e lho olhei com outros olhares!)
Em todo evento na escola, jamais falta o lanche! Não sei por quê! Mas, nem me sinto bem dando essa impressão de que se vive para comer. Se é reunião de professores, então o pão-de-queijo é indispensável. A tal "vaquinha magra" soma o dinheiro dos quais gostam, e uma ou duas duzias de pães-de-queijo quentinhos tornam-se o motivo da felicidade da maioria e o sucesso da socialização. Vivenciei nessa semana uma situação reveladora, em cujo um grupo de professores olhava sofregamente para o último pão-de-queijo sobrevivente na bandeja: aquele, o qual ninguém pega, mostrando-se educado, desprendido de egoísmo, versado nas etiquetas da alta sociedade! Porém, eu juro que se qualquer um daqueles mestres ficasse sozinho na sala junto àquele solitário e apetitoso pão-de-queijo, avançaria nele vorazmente. Observei-o, confesso, com água na boca, mas de forma discreta a fim de descobrir quem faria as honras do bolinho da falsa moralidade, controlei-me.
Chegou a hora, e todos saíram juntos, desembaraçando-se uns dos outros, devagarinho no jeito de uma despedida daquele artesanal pão-de-queijo, porém desprezado pelas circunstâncias. Eu também saí no "bolo", andando meio devagar, sempre olhando para trás, tentando ver quem devoraria a última peça. Finalmente uma professora, como quem fingia ter esquecido alguma coisa na sala, faz finca-pé e retorna aos chamados do infeliz pão-de-queijo. Eu a segui sem ser percebido, e ela me deu o drible, entrou na porta vizinha: o banheiro feminino! Entretive-me com aquela decepção e em fração de segundo me descuidei da mesa de observação, então, retornei o olhar à mesa muito tarde, assim pude apenas observar o responsável da cozinha recolhendo as vasilhas. E o Pão-de-queijo se foi!!!
Você já se sentiu o último pão-de-queijo da bandeja? A vasilha é grande demais para contê-lo. Desprezado por pessoas as quais não querem partilhar sua verdadeira reputação. Os santarrões temem ser comparado com você, porque é desbocado e nunca goza da aceitação da maioria, pelo menos aparentemente. Eu sou como aquele cobiçado pão-de-queijo, impedido de saber o quanto lhe querem, só porque a atitude de comê-lo é uma indicação de desregra. Porém se esquecem da iniciativa! E a criatividade? E a inovação desvinculada do medo do que vão pensar de si?!!! Raul Sexas já disse: "Só os desobedientes são criativos".
As Relações da educação são assim. Muitos me leem, mas ninguém comenta, para de forma alguma revelar os seus pensamentos a meu respeito: se me aceitam positivamente, são coniventes, e os respingos de minha má reputação os manchará; se não me aceitam, atraem a repugnância dos que me veem bem. Então, é mais fácil ler um comentário, em um dos meus textos na internet, de pessoas desconhecidas e de outras áreas de atuação. "O profeta em sua terra não faz milagre".
Infelizmente, como o último pão-de-queijo da bandeja, sofremos o corporativismo do mal. Nossos inimigos acompanham nossos amigos, por longe ou por bem perto, eles, oportunistas, se valem da aproximação de quem confiamos com objetivo de ter acesso a nossas fraquezas, nos acompanham indiretamente, nem precisamos chamá-los, e todos virão! Uns nos apreciando e os outros para nos condenar. Por isso, digo: amigos dos meus inimigos são meus inimigos também. Logo, até que a morte me devore pelos caminhos certos, digo isso, crendo jamais haver alguém totalmente desprezível: eu me importei com aquele retraído pão-de-queijo e lho olhei diferenciadamente! Então, certamente, alguém se importará comigo, vendo-me sob olhares diferentes, respeitando-me realmente. Na verdade, não há inimigos nossos, há apenas aversos circunstanciais.