Tudo bem, o rei foi o mesmo...
Talvez fosse bom dizer aos alunos capetas que os espaços castelhanos não se abriram aos portugueses, nem os espaços portugueses se abriram aos castelhanos. Ambos procuravam se amparar na legalidade do Tratado de Tordesilhas entre bolinhas de papel lançadas pela catapulta sensacional da caneta esferográfica. Continua-se salivando: o Rei foi o mesmo entre 1581 e 1640. É frágil constituir argumento sublinhando a ideia de que os portugueses atuaram como se assim fosse a legalidade do tratado firmado em Tordesilhas um devaneio pueril. A sirene toca e o recreio promove liberdade. Retorno para casa pensando: Como se tivessem deixado de lado tudo e ninguém quisesse saber por onde passa a linha imaginária. Ignorando de todo a tal linha imaginária, cria-se assim novas cidades no centro da lacuna especificada. De gente fixam-se “bandoleiros”, “changadores” para contrabandear. Com a União Ibérica a linha de Tordesilhas desapareceria e nada mais.
São ímpetos narrativos de professor elementar recoberto pela humilhação do plágio ativado pelo purismo técnico em sua mistura memorialista. O professor primário fugirá sempre da memória escravista a qualquer custo. Ocorrerá a importação de escravos (1618). O escravo africano conveniente. O sangue latino português em seu espírito de dominação seguia as regras milenares de coisa conquistada, esbulhada, rasgada pelo braço armado. Teria os portugueses escravizado os chineses em Macau? Que estranha correlação!
Os portugueses desembarcaram em Macau entre 1553 e 1554, sob o pretexto de secar a carga de suas embarcações avançadas segundo as fontes mais acessíveis. As autoridades chinesas, em 1557, autorizaram finalmente os portugueses para se estabelecerem em Macau. Que obstinada força aplicou o lusitano para nutrir-se do seu estabelecimento comercial como porta de entrada entre o novo mundo ambicionado (mal sabia que o Novo Mundo surgiria sem a mesma ambição, mas como reflexo dela), absolutamente diverso. Que exótica subjetividade havia nesse interesse de explorar mundos recônditos. Seguem os americanos tais desígnios...
Os portugueses haviam emprestado suas habilidades de navegadores para expulsar tanto os piratas no Rio de Janeiro (Franceses) quanto no Maranhão (Holandeses), bem como fizeram expulsar o célebre pirata chinês Chang-Si-Lau em Macau. O Rio da Prata era português para os portugueses tanto quanto eles mesmos foram hóspedes do Governo Celestial Chinês. A China era melhor definida neste período em sua unidade geográfica do que a Espanha que oscilava em seu dimensionamento geopolítico numa reflexão paralela de fatos. Era melhor esquecer estas facetas para ser elementar. Pois, de estabelecimento comercial, elevou-se à cidade e temos Macau – um entreposto comercial próspero. Foi durante a unificação de Portugal e Espanha (1580-1640) que Macau viveu seu período de maior prosperidade como constam as fontes. Macau foi elevado a cidade em 1586 ou 1587, Colônia do Sacramento seria fundada em 1680 servindo como base para reflexão sobre a curiosa amplitude dos interesses das cortes européias em sua ação de expansionismo. O Rio Grande do Sul estava para se definir em condições de ocupação militar bem mais tarde.
Como no Brasil os portugueses já haviam sofrido a presença holandesa em Macau, como peso da herança da União Ibérica. O monopólio declinou tornando a exploração única como desgraça pela vitória. Já a estreita concorrência com a Espanha enfraqueceu a ambos. Amanhã retornaria para dentro da sala de aula e receberia múltiplos olhos espetados nele em face de seus vastos cabedais de história. Bradaria: Portugal comandou imperialmente quatorze colônias em quatro continentes! Os alunos em grande contentamento pelo benefício da amplitude aguardariam o recreio. A ocupação do Brasil insere-se neste capítulo de dominação em termos de melhor contextualização.... Ponto. Velhos professores cercariam o assunto com reserva e didática onde mal se conhece o fato. Para muitos Macau era longe demais para abrigar portugueses. O primeiro português a chegar à China foi Jorge Álvares. Álvares? A primeira cidade do mundo foi Eridu na Mesopotâmia. É útil ter sempre uma ciência de coisa nova, novinha em folha, para agradar os pestinhas.
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