Educação, portal de combate, a violência urbana

"Se de um lado, a educação não é a alavanca das transformações sociais,

de outro,estas não se fazem sem ela."

(Freire,Paulo - Pedagogia da Indignação -ed UNESP)

Ao nos depararmos com o grave problema da violência em nosso estado, constatamos que tudo isto seria inevitável...Há décadas os governos têm protelado uma ação mais humana nas camadas mais carentes. Mesmo quando educadores como Anísio Teixeira, Florestan, Fernando Azevedo (Manifesto dos Pioneiros), na década de Trinta, Paulo Freire nos anos 60, lutavam contra a ignorância e o analfabetismo, suas vozes não foram ouvidas, ao contrario, sofreram perseguições e prisões. Anísio Teixeira, defendia uma escola pública e laica para todos. Estas deveriam ser municipalizadas, para atender a diversidade de cada região... Funcionariam em tempo integral para professores e alunos. Estes deveriam ser cuidados, desde a higiene e saúde até sua preparação para cidadania.Nestes moldes foi fundada a Escola Parque em Salvador. Os antigos Cieps idealizados por Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro também tiveram esta orientação. Infelizmente estes projetos foram abandonados por descaso ou falta de visão.

Hoje o que vemos são jovens e adolescente entregues a própria sorte... Despreparadas, famílias inteiras passaram a residir nas ruas, outras procuraram as encostas de morros, mangues, para se alojar. Segregados sem um lugar digno para morar, sem hospitais, sem empregos, vivendo de bicos,estas pessoas, principalmente os jovens tornaram-se presas fáceis, para o crime.

Não quero apontar a educação como a salvação para este estado de coisa até porque não é apenas o jovem segregado nos morros que cai nesta armadilha, entre os de classe média alta isto também acontece, até de forma mais cruel e violenta.Quem não lembra do assassinato do índio Galdino de Jesus, em Brasília? E os jovens de classe média alta, que roubavam condomínios no Rio? E aqueles que saem morrendo e matando em carros de envenenados, dados pelos pais ou que morrem, vítimas de overdose ou se trasformam em vudus pelo uso do crack? O fato é, que sempre que um crime, com participação de um menor, que não pertença à classe média, acontece, é seguido de apelos da mídia, para redução da maioridade penal.

Mas será que estas mesmas famílias, que tanto pressionam, a mídia, lembram que quem compra droga é o jovem rico, que sobe os morros em carros importados? Será que estas famílias que tanto pedem para que o jovem, de área carente, fique mais tempo na prisão, suportariam ter os seus filhos cumprindo pena por porte de droga, roubos e crimes?

Estamos numa situação difícil, sim, mas não é, segregando e excluindo da sociedade aqueles que já foram excluídos, por terem nascido pobres, que daremos fim a esta onda de violência. Precisamos de escolas, de empregos, de moradias descentes, de um planejamento familiar, eficaz, e principalmente, de homens públicos, íntegros, que combatam a corrupção, esta sim a grande vilã de nossos problemas sociais.

Jacy Ferino da Rocha

05/03/2006