Nosso Inesquecível 147

Baseado em fatos reais:

O primeiro carro de meu pai, que eu me recordo, foi um Fuscão amarelo ano 75, porém, o carrinho que marcou mesmo nossas vidas, foi aquele Fiat 147 azul-claro, 79. Ele fora nosso companheiro em muitas viagens e como seus defeitos mecânicos eram algo constante, também nos colocou em vários apertos, tanto, que eu o apelidei maldosamente de maestro, pois como eu dizia: “era um conserto a cada esquina”. Meu pai tinha um apelido mais grosseiro quando se referia ao velho automóvel: era o seu “pau de bosta”, mas no fundo ele amava o carrinho.

O episódio chato: meu pai se envolvera em um acidente _ felizmente sem vítimas _ no entanto, a frente do pequeno 147, ficara completamente destruída após a trombada com o grandalhão Opala, e o Fiat tornara-se então, candidato certo ao ferro-velho. Contudo, o destino do carrinho fora mais auspicioso; papai tocado pelo sentimento de gratidão por tudo aquilo que ele e o pau de bosta passaram juntos, promoveu uma reforma geral no carro. Ah, e não é que o Fiat ficou novinho em folha, uma belezura!

Quando por fim meu pai teve que vender o carro, não faltaram pretendentes à sua compra.

Anos depois, um primo meu, talvez esquecido de que papai fora durante muito tempo, proprietário de um 147, veio com essa piadinha meio sem graça: Deus disse ao sujeito que teria que lhe mandar algo desagradável e que ele escolhesse entre a aids ou o Fiat 147, ao que o homem respondeu prontamente: “Senhor, por favor, me mande a aids, porque essa pelo menos eu passo pra alguém, enquanto que o Fiat 147 eu não consigo passar pra ninguém”.

Agora me digam, é ou não é, uma tremenda injustiça?

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