PAIS E FILHOS

E é assim que os vejo: chorando muito, com fome, rindo e beijando com a boquinha babada de leite, mijando no nosso colo, andando sobre os nossos passos, divergindo pra poder ter opinião própria, construindo suas próprias vidas, fazendo os seus brotos, colhendo o que estiver reservado ou o que se os faça felizes ou infelizes, porém, acima e antes de tudo, buscadores da chave do cofre que a sucessão patrimonial lhes dá. E é aí que a porca torce o rabo, e se vão a la cria... E não mais sentem o cheiro do leite nas nossas bochechas babadas de saudade... Do que foi e do que servirá como flor à hora dos círios da despedida. E que a Providência retribua o fervor dos vivos para que caminhemos em harmonia...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4429727