Atrás desse portão há uma casa. Hoje não sei como se encontra, pois há muitos anos não entro lá. Aqui eu nasci, cresci e vivi até os 12 anos. Depois meu pai aposentou-se da Light e fomos morar em nossa casa, aquela que ele construiu.
Aqui nessa casa e nessa calçada passei as melhores horas de minha infância. E depois de adolescente e moça, passeei muito por aqui. Todas as metamorfoses da vida de uma menina até ser mulher foram assistidas por essas pedras.
Vi as transformações também da cidadezinha. Algumas boas, algumas nem tão boas, mas todas muito marcantes.
A primeira delas, foi quando descendo do ônibus, chegando de uma férias na casa da minha irmã, percebemos que a família já tinho ido para outra casa. E com tristeza vi que lá já morava outra família. A do substituto do meu pai. Chorei, sofri, mas não tinha outro jeito. E seguimos pela mesma calçada até mais lá na frente, onde fica a casa de meu pai.
Aos poucos, tudo foi se modificando. Vi as festas da igreja irem diminuindo até quase não mais acontecer. Vi o clube sendo fechado e assim ficando por muito tempo.
Vi meu pai apenas visitando nossa antiga casa, mas já não era mais nossa.
Ali foram construídos os alicerces de uma vida e coisas como essa não esquecemos facilmente.
Hoje, por ser dia dos pais, senti um saudade muito grande de casa, pois a casa representa a figura do meu pai e vice-versa. É como se eles se completassem. Lembro-me também de que ele morreu um pouco quando dali saiu.
Mas a vida seguiu o seu curso. Hoje ele me assiste chorar, mesmo estando lá com o Pai.
E aos dois peço as diretrizes para continuar a ensinar a minha filha, Nathália, a ser uma pessoa de bem, de bons costumes, respeitando a todos como gostaria de ser respeitada.
Ser pai, ser mãe, ser filho é ser um pouco Deus, pois procuramos consertar aquilo em que falhamos quando tentamos Imitá-lo.
Regina Madeira