Um pai
          injustiçado



         No dia dos pais, sem o meu, homenageio meus filhos, Paulo e Adriano, pais dos meus netos, Catarina, Bernardo, Davi, Vitor e João. Porque os dois moram longe, saúdo-os pelo telefone ou pela Internet. E pelo Skype ouço-os dizer: "Parabéns, pai!" Não poderia esperar melhor presente.
        Consta, que, na antiga Babilônia - fundada em 1.867 a.C. -, já se falava no dia dos pais. Está nos livros, que na velha cidade-estado da Mesopotâmia, "um jovem modelou e esculpiu um cartão para seu pai, desejando sorte, saúde e muitos anos de vida."

          Nos nossos tempos, como e onde surgiu o dia dos pais? Lê-se, que um cidadão negro norte-americano, William Jackson Smart, no início do Século 20, enviuvou, e com infatigável desvelo e redobrado cuidado, criou, sozinho, seus seis filhos.
     Em 1909, sua filha - vejam o seu nome - Sonora Smart resolveu homenagear o "pai herói". Cortesia logo imitada pelas famílias da pequena localidade onde ela morava. Mas a homenagem somente se tornou oficial entre os norte-americanos anos depois, com sua aprovação pelo Presidente Richard Nixon.

          No Brasil, o dia dos pais começou a ser comemorado a partir de 1953. Faz, portanto, pouco tempo. E sempre no segundo domingo de agosto.
          Na Itália (achei isso interessante) o dia dos pais é festejado no dia 19 de março, dia de São José, segundo a Bíblia, um pai exemplar. Mas, no meu modesto modo de ver, um pai injustiçado, a começar pela sua discreta presença (quase beirando ao anonimato), nas sagradas páginas do Novo Testamento.
        Dada a sua reconhecida importância na história terrena do Mestre, os Evangelistas falaram muito pouco sobre ele, nos seus escritos. Deveria ter sido mais lembrado, principalmente se levado em conta a nebulosa estória do seu casamento com a jovem Maria de Nazaré, ele um velho.

          Até o papa Bento 16, no seu livro A Infância de Jesus, denunciou a injustiça dos senhores Evangelistas, não dando a José o destaque que a Bíblia lhe reservara.
         Admirável e oportuna a observação feita pelo Teólogo Ratzinger ao comentar, nesse seu livro, a visita dos Magos à manjedoura de Belém.

          Escreveu o papa emérito, citando Mateus: "Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, adoraram-no" (Mt 2,11). E prossegue: "Nessa frase, surpreende o fato de faltar São José, de cujo ponto de vista Mateus a narrativa da infância; durante a adoração, encontramos junto de Jesus só "Maria, sua mãe".
          Até agora não encontrei uma explicação plenamente convincente para isso", conclui o pontífice aposentando.
          Cochicharam nos meus ouvidos, que o Vaticano, reconhecendo o esquecimento ao qual fora relegado o esposo da Virgem, vem recomendando às suas igrejas que, na liturgia diária, se dê mais vez a São José. Antes tarde do que nunca!
       No dia dos pais, lembremo-nos do Pai Adotivo do Rabino; um modesto carpinteiro que, até onde se sabe, com seu serrote e seu martelo segurou a barra, garantindo a tranquilidade e o bem-estar da sua resignada esposa Maria e do seu filho Jesus, dividindo, pacificamente, a paternidade com o Divino Pai Eterno.

      
     
      
 
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 10/08/2013
Reeditado em 10/01/2020
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