Transformação
Fotos!?!?! Nunca gostei que me tirassem fotos, só de ver a máquina fotográfica eu fugia. Minha mãe teimava em me fotografar em tudo quanto era lugar, às vezes me levava no melhor fotógrafo da cidade e me colocava a roupa de gala. Já viram um pinguim sorrindo para a câmara? Era eu...
Hoje, vasculhando umas caixas empoeiradas que trouxe de Portugal acabei por descobrir uma dessas fotos, na época eu devia estar com dois anos - quase que não me reconheci - mudei como da água para o vinho. Mantenho apenas os olhos escuros, pretos, parecem duas azeitonas. O cabelo deixou de ser loiro e passou a ser castanho caramelo, se bem que ao sol ele volte ao passado. Meu nariz cresceu ao encontro das minhas raízes árabes e inglesas, meus lábios puxaram ao meu pai, pois minha mãe é de lábios finos.
Meu peso e altura como não podia deixar de ser, aumentaram, estou com quase 70 quilos e 1.85 cm, sou magro, e propenso a doenças respiratórias, tudo que acabe em “ite” é o meu negócio. Isso meus amigos eu agradeço ao meu estimado avô paterno, foi a herança que me deixou. Em jeito de brincadeira sempre falo para os meus pais que eles estão de parabéns, produziram um espécime em vias de extinção. Um jovem que passou sua adolescência se dedicando aos estudos e usando a observação para “dissecar” os corpos que perambulavam por espaços adjacentes ao seu habitat natural.
- Agora? Eu observo, falo e escrevo: escrevo muito, falo na mesma intensidade, e observo o suficiente para entender que a vida é muito mais do que uma piscina cheia de água. A falar nisso, aprendi a nadar tarde, quase com 18 anos, e aprendi para não me afogar.