LEMBRANÇAS PATERNAS
nair lúcia de britto

 

Abri, hoje, um pequeno caderno que mamãe guardou
bem guardado e que, agora, sou eu quem guarda.
É um caderno de Citações
literárias transcritas por meu pai, dos seus autores prediletos.

São anotações muito antigas, que ele escreveu quando bem jovem e ainda solteiro;
bem antes de conhecer minha mãe.

Uma dessas citações que eu aprecio é de Rui Barbosa, escritor e pensador baiano. Transcrevo-a para os meus leitores porque os valores preciosos
dessa citação são valores eternos.

Pai, tudo que eu possa te dizer hoje é pouco para transmitir o que o meu coração sente.
Por ora, quero só te dizer obrigada

por todos os valores que você me transmitiu.

Vai aqui, em sua homenagem, a crônica
que você anotou
com sua letra bonita,
caprichosa e amorosa; com uma
caneta-tinteiro,
carregada de tinta nanquim.

 

A COUVE E O CARVALHO

Enquanto Deus nos dê um resto de alento,
não há
que desesperar da sorte do bem.
A injustiça pode irritar-se; porque é precária.
A verdade não se impacienta; porque é eterna.

Quando praticamos uma ação boa,
não sabemos se é
para hoje, ou para quando.
O caso é que seus frutos podem ser tardios,
mas são certos.

Uns plantam a semente da couve
para o prato de amanhã;

outros plantam a semente do carvalho para
o abrigo ao futuro.

Aqueles cavam para si mesmos.
Estes lavram para seu país, para a felicidade
dos seus
descendentes, para o benefício
do gênero humano.

(Ruy 311 e 312)

Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 09/08/2013
Código do texto: T4426906
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