COLEGA DE TRABALHO – XIII –continuação...
Como se deslizasse sobre um morro cheio de lama e sujasse a roupa, estou de volta ao trabalho. Sem graça e pequeno, fico de olho na porta. Para me atormentar ainda mais ela ainda não chegou...
Enfim acaba a minha aflição, mas não ouso encará-la. Passou rente. O perfume que sempre me abraçava acompanhou-a.
Pensei muito durante essa noite que passou e conclui que estou sendo rejeitado. Talvez seja a armação escura dos meus óculos e lentes “fundos de garrafa”; pode ser também minha aparência! Se nem eu consigo me aceitar bem, como uma mulher bonita como ela pode ficar satisfeita com a minha aparência? Nessa noite de revelação não dormi direito, tive pesadelos e a solidão molhou o meu travesseiro com lágrimas.
Como fui demorar tanto para perceber a diferença? Acho que foi porque sempre achei que o amor não tem aparência, é algo eterno, próximo de Deus e bem longe dos valores ligados a matéria. Creio que não estou enganado; o amor não pode ter aparência, é uma luz imaterial e divina que ao senti-la somos transformados em pássaros que voam para mundos sem limites; mesmo quando não somos correspondidos ele não desaparece, transforma-se numa dor que nos leva a lugares onde prevalece o caos. É nessa desordem espiritual que estou vendo a tarde passar. Tanta coisa queimando as minhas entranhas e nada acontece perto da janela a não ser a mesma beleza iluminando o ambiente. Meu sofrimento poderia ser mostrado através do olhar, mas meus óculos são portas fechadas por lentes grossas; não posso evitar o inevitável, forças contrárias aos meus sonhos fizeram comigo coisas que nunca imaginei...
Sou o último a sair. Procuro não olhar para onde ela foi. Caminhando devagar, sinto o meu rosto com as mãos. Por que ele ficou assim? Há tempo não fazia essa pergunta, acho que eu me aceitava um pouco mais antes de conhecer o amor.
(Jorge Lemos)
Enfim acaba a minha aflição, mas não ouso encará-la. Passou rente. O perfume que sempre me abraçava acompanhou-a.
Pensei muito durante essa noite que passou e conclui que estou sendo rejeitado. Talvez seja a armação escura dos meus óculos e lentes “fundos de garrafa”; pode ser também minha aparência! Se nem eu consigo me aceitar bem, como uma mulher bonita como ela pode ficar satisfeita com a minha aparência? Nessa noite de revelação não dormi direito, tive pesadelos e a solidão molhou o meu travesseiro com lágrimas.
Como fui demorar tanto para perceber a diferença? Acho que foi porque sempre achei que o amor não tem aparência, é algo eterno, próximo de Deus e bem longe dos valores ligados a matéria. Creio que não estou enganado; o amor não pode ter aparência, é uma luz imaterial e divina que ao senti-la somos transformados em pássaros que voam para mundos sem limites; mesmo quando não somos correspondidos ele não desaparece, transforma-se numa dor que nos leva a lugares onde prevalece o caos. É nessa desordem espiritual que estou vendo a tarde passar. Tanta coisa queimando as minhas entranhas e nada acontece perto da janela a não ser a mesma beleza iluminando o ambiente. Meu sofrimento poderia ser mostrado através do olhar, mas meus óculos são portas fechadas por lentes grossas; não posso evitar o inevitável, forças contrárias aos meus sonhos fizeram comigo coisas que nunca imaginei...
Sou o último a sair. Procuro não olhar para onde ela foi. Caminhando devagar, sinto o meu rosto com as mãos. Por que ele ficou assim? Há tempo não fazia essa pergunta, acho que eu me aceitava um pouco mais antes de conhecer o amor.
(Jorge Lemos)