Primeira manhã
Deixei de me agradar de bolo, de espécie qualquer, inda menino, por conta à toa de má-criação intestinal. Feito deixei de escrever em paredes, inda mais menino ainda. Deixei depois de tentar guardar nomes de árvores: e desde então todas me foram e me são Buritis, em primeiro encanto. Deviam-se Manacás. Por praga de irmã. Bênção de irmã, quiçá. Que me é santa. E que Deus se orgulhe de tê-la junto de Si.
Desdenhei culinária de mãe, de forno em brasa, por conta de má-criação intestinal. Feito deixei de usar ponto e vírgula. Feito deixei passar coisa de horas dobradas depois do leite, em vez de manga. Feito deixei de deixar bem de lado coisas de crendices. Depois, só depois foi que deixei de abrir janelas. E quase nem respirar.
Deixei de me ocupar de terras, de lagos, de verdes e deixei que construíssem palácios em terras de Buritis. Que nem liguei - não fossem manacás. E eu mesmo quase nem visse -. Pois que brindei àquela terra negra em beira do rio: nem grão de poeira. E mesmo deixei-me rir dos olhos marejados do meu amigo-pai-irmão e mão. E anjo. Miguel. Minguados olhos do meu irmão, que me doem. Por onça não mais descer o morro. Por macacos não tagarelarem mais, em pé do morro. Por orquídeas em frestas de pedras, em altos cumes, amendrontarem-se. Esconderem-se. De mim. Quem sabe.
Deixei.
Mas a mulher de branco, de olhos brancos, de gestos brancos, nesta provável branca manhã, deixa-me sobre o criado, ao lado da cama, três comprimidos, uma xícara de chá, um copo d'água e um pedaço enorme de bolo.