Crescer Dói
São as dores do crescimento, mãe! Repetia a pediatra de meus filhos, a cada consulta de revisão, rotina semestral daquela fase em que três pequenos seres, minhas sementes para o mundo, ocupavam todos os segundos da minha existência. Eu, do auge da minha juventude e pouca experiência, inconformada com a persistência do diagnóstico, encontrava conforto com a crença de que logo, logo, assim que a famosa fase do “estirão” passasse tudo iria ficar bem e meus pequeninos, frágeis e dependentes filhos, não mais sofreriam aquelas dores do crescimento. Tentava minimizá-las fazendo massagens e colocando compressas para aquecer o local.
Hoje, com os filhos adultos, observo que continuo presente, participante e, muitas vezes cúmplice de suas persistentes dores e constato que o diagnóstico é o mesmo. Me pego repetindo para eles: crescer dói!
Mas, as dores agora observadas são as do crescimento e amadurecimento do caráter, do aprendizado com tropeços para retomada de caminhos, das correções dos erros cometidos, por não ouvir o coração, por frustrações e por achar que pode mudar o outro e o mundo.
Assim como prescrito para crianças, no tratamento não há indicação para limitar os movimentos, inclusive, devem ser estimulados, pois essas dores são naturais do crescimento. Agora, mãe experiente, não mais ansiosa pela cura, continuo o tratamento, dando-lhes muito calor e amor, estimulando-os para esta busca incessante pelo crescimento, amadurecimento e o consequente autoconhecimento, o único paliativo existente pós-trauma das experiências vividas que nos fazem aprendizes eternos nesta jornada maravilhosa que é a vida.