praça do liceu - jacarecanga - mora dores nas ruas - ocupe fortaleza
final de tarde, três senhoras fazem caminhada. ali na praça na rua guilherme rocha tem um posto de gasolina, uma banca de revista e alguns táxis. árvores são muitas na praça e uma família ocupando, fazendo de sua moradia aquele lugar público. observo utensilios minimos, um colchão, uma rede armada entre as árvores, uma mulher amamentando seu filho e um carrinho de reciclagem. tem uma faculdade que ocupa dois espaços ali perto e o movimento de veiculos é intenso. na rua padre ibiapina tem um carro de lanche. algumas mesas e pessoas lanchando no local. na praça temos aparelhos para as pessoas praticarem exercicios fisicos, uma quadra para jogar bola e algumas pessoas sentadas nos bancos de concretos espalhados por vários locais da praça. algumas dessas pessoas sentadas sozinhas outras acompanhadas. do outro lado, como se estivesse esquecido o colégio liceu do ceará, numa cor desbotada que se assemelha a um cor de rosa, roseo ou vermelho. estou sentado num resto de banco de madeira, pensando sobre as circinstâncias que me levaram até a essa praça. um impulso obrigatório que me fez ocupar nem que seja por alguns minutos esse espaço. a praça do liceu tem um nome, mas mão me recordo. a maioria a conhecem devido a referência ao liceu do ceará ou ao corpo de bombeiros. bem proximo tem o senai, onde faço um curso, mas essa não é a questão. estou expondo aqui um impulso que me leva. obrigatório. necessário. assim estou conhecendo um pouco da cidade e mais de mim. observo agora está família que mora/vive nessa praça. já são parte da paisagem normal/natural daquele lugar. assim como a praça, esquecida. só eu teimo em não esquecer. acredito que as dezenas de árvores da praça também não esquecem, mas as pessoas são obrigadas por um impulso necessário ao esquecimento. assim a dor passa e logo dá lugar a outra. para essas pessoas pelo menos a dor é outra. mas a minha dor velha, antiga, se encontra com as novas e saem abraçadas pela praça, caminhando...