Em trânsito
Acabo de sair do trabalho, pouco mais passa das 18h, o carro me espera como sempre no estacionamento a algumas quadras daqui. Já perdi a conta das vezes que reclamei com os manobristas sobre a forma como tratam meu bolinhas; não há um santo dia em que ele não ganhe uma nova medalha: ora hoje é o pára-choques, ora amanha é o capô. Têm dias que mal entro no carro sinto logo o cheiro de suor de alguém que teve a amabilidade de perfumar meu carro antes de eu pagar e pegar nele.
- Sr. João a bateria descarregou – me fala o manobrista - Claro, com o ar condicionado e rádio ligado o dia inteiro, só uma bateria do tamanho de um elefante aguentaria. Dá vontade de dar uma marretada naquela cabeça de cearense. Mas vamos embora, estou cansado e com pouca disposição para bater boca com pessoas que nunca entenderão que carro é para ser estacionado e não fazer dele uma Roulote.
Sigamos então... o trânsito no Rio de Janeiro é um caos, mas isso já ninguém têm duvidas, e se algumas existissem, elas se dissiparam desde que decidiram fazer obra em tudo quanto é canto. Imaginem vocês que para me deslocar uns míseros 20 km perco em média uma hora para ir, e outra para voltar do trabalho. São 2 horas desperdiçadas ao volante de um carro que é tão pequeno que mal se vê. A vantagem? É que posso passar no meio de dois ônibus sem ser visto... já apanhei cada susto, que só um cheeseburger poderia comprovar.
Ainda ao bocado pisei fundo no travão para não bater numa dondoca que decidiu mudar de pista assim do nada. O que mais me deu raiva é que ela ia falando ao celular, e estava completamente a Leste, quase que ficava a Oeste, eu que decidi ter Norte. Mas isso comparado com o linguajar usado pelos taxistas e pilotos de Formula 1 - perdão - de ônibus é como discutir qual das vizinhas é a melhor. São tantos os impropérios usados que nunca se chega a um consenso, mas também ‘consenso’ é uma palavra que não existe no vocabulário “vernacular” de tais personalidades.
Este é um mundo de doidos, cada um tentando correr mais do que o outro, e tudo isso para quê? Todos estamos em trânsito.