Intuição
Hoje pela tarde, dentro do ônibus e indo ao centro, tive uma intuição estranha, uma intuição de que ia encontrar você, em algum cantinho da cidade.
"Que intuição ridícula!" - pensei comigo.
Afinal, você nem mora aqui.
O estranho é que não me desapeguei dessa intuição, resolvi entrar no jogo e deixar essa intuição me levar, resolvi ser a própria intuição e fui...
Olhava atentamente cada cantinho das calçadas, esperando encontrar você como um pontinho luminoso em meio a gente cinza, um vaga lume em meio as formigas operárias em fila.
O ônibus seguia, fiquei um pouco triste ao pensar com uma pouco mais de realismo e quando estava quase guardando a intuição no bolso, naquele cantinho da minha alma que guardo meus brinquedos, notei que uma senhora não tirava o olho de mim.
Fiquei sem graça e olhei pro chão.
Nessa hora lembrei de quando conversamos sobre esses olhares de "busão" e você disse que pra não ficar sem graça, sempre que acontecia isso, tentava deixar a pessoa envergonhada e se divertir com a situação.
Pisquei pra tiazinha e dei meu melhor e mais patético sorriso sedutor, ela ficou ainda mais sisuda, depois sorriu de vergonha.
Desci do ônibus.
Notei que te encontrei, que nunca te perco, que é parte de mim e que as vezes sou você, como fui naqueles gestos.