DISCUTINDO A RELAÇÃO

É notório que eles se completavam, que juntos formavam um casal bonito e admirados pela história de amor e amizade que os uniu e ainda os unia. Mas é inegável que havia problemas, e talvez um dos maiores, era a falta de conversar sobre eles, embora ambos admitissem que eles existiam. Por isso, na solidão dos seus escritos, ela discutiu a relação.

Reconhecia que ele tinha muitas qualidades e já falara delas em prosas e versos, enquanto ela ... bem menos. Porém, ela era mutável, mais metamorfica, adaptável. Quando olhava para trás, via as grandes mudanças que tinha feito em sua vida e que melhorara. Até abriu mão de coisas que para ela eram importantes, para que ficassem bem, deixou seu romantismo e até sua poesia, sossegou! Esperava que ele sentisse falta, que reclamasse, mas ele nem notou.

Ele era sempre o mesmo, não mudava. Ela não podia reclamar que ele a tinha enganado, pois seus defeitos nunca lhe foram ocultos, assim como as suas qualidades . Continuava tão amoroso e prestativo como quando se conheceram, por isso, ela continuava amando-o.

Mas queria tanto poder lhe dizer, e queria tanto que ele a escutasse, que tentasse mudar um pouco, ser mais flexivel, porque o seu desleixo, a sua falta de empolgação pela vida, a sua apatia em coisas ditas "banais", a frustravam, a entristeciam, e ela pensava: - até quando teria que se conformar e se adaptar? Sintia-se murchando! Precisava de um raio de sól, precisava que ele a surpreendesse.

Mas o amor que ele lhe ofertava, já a curara de males piores tantas vezes, que se este desejo lhe fosse negado, ela o perdoaria, e continuaria amando-o por tudo o que ele era, do jeito que ele era, assim como ele sempre a aceitou e a perdoou, com todos os seus traumas e todas as suas deficiências.