A VIDA E A MORTE.

Existindo espaço sobrenatural não só na mente humana, nisso acreditada, fiada, confirma-se um mundo diferente por alguns tão desejado, até fanaticamente em determinados credos, para preservar o maior bem, a vida, que se quer eterna, alguns se imolando, suicidando-se até mesmo para a ele chegarem mais rapidamente.

Mas como seria? Eternidade, a “breve passagem da mente e espírito” lamentada por Santo Agostinho como “o curto dia do tempo”, sob esta angularidade focada a materialidade. O breve dia do tempo é vida “agora”, material, irmanada ao espírito, “um sopro”, que habita a mente e sopra o pensamento.

Ingressamos no sobrenatural somente em ideia, ainda que fortemente e com embasamento sustentado empírica e formalmente, sedimentado em plurais questionamentos. E em ideia, como apontava Kant, mestre maior dos questionamentos, tudo se discute e pode ser indagado; em ideia, destaque-se.

Que mundo é esse que se quer conhecer com antevisão impossível? Por quê? Se pouquíssimo sabemos do surgimento da vida, episódicos gametas que se fundem, como querer avançar para explicar a morte? Segredada em raios de distância máxima ela nos fecha as portas, abertas uma só vez, embora indesejada a abertura.

Inteligentemente, Pascal lançou o repto em aposta que ninguém desconhece: caso exista uma vida após a morte, o fiel terá um bilhete para o paraíso e aproveitará o melhor de ambos os mundos. Se eu perdesse, escreveu Pascal, teria perdido pouco, se ganhasse, teria ganhado a vida eterna.

Festejado romancista dizia através de um de seus personagens que a beleza está acima da inteligência por não precisar de explicação, é autoexplicativa, tomba sob nossos sentidos.

A fé arraigada, para os que a têm, é de beleza indiscutível e desnecessita de explicação inalcançável pela inteligência. Exemplificando, mire-se a fé de papa Francisco.

Pascal não se enfileirava como agnóstico, era um crente em Deus aperfeiçoado pela razão, e maximamente inteligente. E a razão não preside crenças, estas se diluem com força ou não na fé, etéreo universo da presença da história com Cristo, referência máxima da filiação divina. E taxativamente histórica.

E qual a razão de pretender ter razão quem a pretende. Precária pretensão. São Tomás a teve, sem arrogância, filosófica e santamente, mas acabaram seus dias e não terminou a monumental súmula, e cerrou-se em dicção, nada mais escreveu. Arrematou o silêncio com esta frase: “tudo que escrevi é palha”.

Tremem aqueles que diante da cátedra de São Tomás, magnífico filósofo, pretendem caminhar onde faltam passos de profundidade e percepção de tanta nota, tomista, escola que marcou o mundo do pensamento, a escolástica.

Realmente, tudo que escrevemos acerca do sobrenatural é palha, pois é sobre o natural, está acima do natural, do que é a natureza visível, o que não inibe “buscadores” que, por várias formas tangenciam o sobrenatural sempre instigante. Que valha a fé da paz em consciência que caminha os caminhos do mundo ao lado da Lei Moral, nada melhor para o espírito e as batalhas da vida.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 06/08/2013
Reeditado em 06/08/2013
Código do texto: T4422042
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