A Política Adulta
(O PT Pula do Barco)
A política é uma conduta inevitável entre os humanos. E não deixa de ser genética, face à constituição físico-molecular-bacteriológico-atômica dos animais. O que a tornou uma arte ao longo da evolução da espécie humana. A arte da enganação e do cinismo. Pelo menos na fase adulta.
Ninguém duvida de que o bebê exerce um tipo de política para alcançar com seus beicinhos o bico do seio da mãe. O que é uma política adorável. Como adorável é também a política que se faz para arrancar, de forma inocente e não agressiva, o beijo da namorada.
Mas a política, como a entendemos normalmente, traduz-se pelo disfarce e pelas sub-reptícias intenções, beirando não raro a desfaçatez. Não fosse ela exercida pelos adultos. Onde as relações entre as pessoas, e consequentemente entre as agremiações desse gênero, são marcadas pelo interesse e pelo oportunismo. Sendo, por isso, necessariamente inconsistentes.
É o que vemos agora, com a decisão dos petistas de romper com a administração Sérgio Cabral, face à sua merecida rejeição popular. Isso quer dizer que se não tivesse havido as autênticas manifestações do povo nas ruas pela desaprovação do governo Sérgio Cabral, os petistas o considerariam bom ou satisfatório. E caminhariam com esse governante até o fim do seu mandato.
Como a posição popular tem sido clara e contundente, os filiados ao PT, receando o mesmo tipo de rejeição – o que, aliás, já acontece –, mudam de atitude. Com medo de não serem eleitos ou reeleitos. Ou pulam do barco para não correrem o risco de com ele irem ao fundo.
Tem sido assim, de repente, há 500 anos. O que torna retrógrada e anacrônica a posição institucional brasileira a respeito da manutenção da obrigatoriedade do voto. Porque faz com que sejamos obrigados a eleger ou reeleger pessoas, de um modo geral, cínicas e oportunistas.
Rio, 05/08/2013