Leite de Jia (Memórias de infância)
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Estudei o curso primário no Grupo Escolar Mestre Laurindo Seabra. Hoje, tomando um copo deleite com Nescau, veio à memória um tempo inesquecível. Um tempo em que tínhamos tudo para criar tempestade, mas não. A gente levava tudo na tora e tirava tudo “de letra”. No âmbito dessa “letra viva”, a memória logo acusou o tempo em que eu e tantos colegas tomávamos “LEITE DE GIA” lá no grupo. Eu explico: na hora do recreio o grupo distribuía com os alunos um leite em pó com Toddy, que hoje a gente chama também de Nescau, mas todos são mesmos é chocolate. Pois bem. O tal leite era, pelo que eu soube de um projeto dos Estados Unidos chamado ALIANÇA PARA O PROGRRESSO. O tal leite era ruim e o chocolate era quem dava um toque diferente que ajudava o bicho a descer. Tinha dias que não havia chocolate e ficava difícil engolir. Detalhe: o leite vinha fervendo e o caneco era de alumínio sem proteção nas asas. Quem se atrevesse bebê-lo quente se arriscava a queimar os beiços e... Seria bem pior, ou não? No dia em que não tinha chocolate sobrava leite à beça, mas tinha colegas que bebiam mesmo assim, pois não tinham alternativa de lanche. No fundo a gente sabia que “ruim com ele, pior sem ele”. Fato é que o tal leite de Jia era triste mesmo, mas mesmo hoje sempre que eu tomo leite com Nescau ou com Toddy lembro-me dele, do nosso LEITE DE JIA. Depois eu fiquei sabendo que aquele programa do EUA que distribuía leite, óleo, trigo, etc., tinham como objetivo “esterilizar” as nossas mulheres para que o Brasil não aumentasse sua população – certamente para que eles, americanos, tomassem conta da nossa pátria com mais facilidade. Mentira? Verdade? Ainda hoje não sei ao certo o fundamento disso, mas sei que o nosso leite de JIA era uma bosta. Hoje, a gente sabe bem avaliar isso, pois a merenda escolar de agora é substanciosa e controlada por uma nutricionista. Ou não?