Cristal Quebrado II
Nesse labirinto por onde meus passos rastejam
Ouço sua voz doce me chamar a todo instante
Sente-se aqui que lhe contarei segredos seus
Que no fim são meus como teus pensamentos
Meu coração que te adora narra nossa história
Quando adormeces, seu respirar é minha canção
Eu reclamava das horas que tomava meu tempo
De quantas rosas teria que buscar pra te servir
Hoje quero morar contigo em um jardim secreto
Onde não tenham personagens, nem anjos negros
Desconheço o seu silêncio que me ameaça
E esse frio estranho que arrepia minha pele
Tua presença imprevisível e tempestuosa
Saudade evidente em meus olhos tristes
Dor não revelada no rosto e em palavras ditas
Passeias em meus sonhos e antes de adormecer
Sua miragem por toda parte como um retrato
A sensação da tua inexistência me sangra insanamente
Se recusas a morrer em mim inconscientemente
Mas seu amor me faz sentir fogo em minhas veias
E minhas mãos se estendem a ti, como meu coração
Teu medo me despreza dolorosamente enganando-me
Parto com seu fantasma que me motiva intensamente
Esse inverno é eterno pra mim, como sua ausência
Ele não é o mesmo sem ti, pois estou gélida como a noite
Te busco por toda parte, até mesmo na escuridão
Te encontro onde meus olhos não querem contemplar
O cristal destruído não se restaura, mas um novo se refaz
Como um recomeço, um avesso, ou um primeiro olhar
Seus braços me guiariam, desenhando novas formas
Minhas letras tem teu nome e teu timbre está ali
Almejo por tua partida, enquanto te abraço suplicante
Te sinto no vento e onde meus sonhos te encontram
O amor nem sempre é tudo, mas tudo em mim é amor
E o mesmo veneno que me mata é o que me faz viver.