O CORNO

O CORNO

Aparício era um bom homem, de princípios e compreensivo para com os dramas e faltas de outras pessoas. Quando adolescente conheceu de perto uma quase tragédia causada por traição, uma família desfeita devido a um triangulo amoroso. Ficou impressionado e preocupado com essa possibilidade, o caso o marcou tanto que decidiu não casar-se para não correr o risco de ser corneado. O destino colocou Ana Bella em seu caminho, ela era linda, simples e aparentava ingenuidade, sua satisfação maior era colocar suas observações e seus pontos de vistas musicadas pela rima, uma poetisa. A proximidade fez nascer o romance que alicerçou o casamento. Aparício, sempre observador percebia em sua volta que não havia fidelidade nos casamentos, tinha conhecimento que na sua rua as mulheres corneavam seus maridos, assim também era no escritório e nas conversas com amigos. Entendeu que era natural, mas e Ana Bella seria a única, a exceção ? Essa dúvida o transtornava , seria ele mais um corno ? Decidiu abrir o jogo, começou a conversar com Aninha sobre casamento com liberdade. No inicio falavam sobre o assunto, em seguida Aparício começou a gostar da idéia e propôs que Ana tivesse um caso. Passaram-se semanas, meses e o assunto foi amadurecendo, até que aconteceu. Em uma bela tarde de primavera Ana Bella saiu para uma aventura extra conjugal e com o apoio do maridão. Horas mais tarde eis que surge com um sorriso de satisfação e uma prova do crime, uma marca de mordida que a calcinha escondia. O relacionamento do casal melhorou, agora ele não precisava ter medo de ser enganado, jamais sua esposa precisaria esconder algo e seus fantasmas do passado desapareceram. Aparício gostou da sensação, da emoção e agora cobrava de Ana Bella que ela tivesse mais casos, gostava de ouvir os relatos e os detalhes. Não demorou começou a ajudar mais intimamente, ajudava ela a se preparar, opinava sobre a depilação, sobre a lingerie e passava os cremes. Aparício mudou completamente, mas era feliz sabia que nunca seria enganado e para ele isso era o suficiente. O interesse de Ana não era tanto mas o marido agora cobrava e começou a exigir, a emoção virou vício e o vício virou a cabeça de Aparício. Em uma segunda fase, as divergências começaram, Ana não queria, Aparício exigia. Logo tudo voltou à normalidade, Ana não parava mais em casa, pelo menos uma noite por semana saia sem horário para voltar e o maridão ficava imaginando o que ocorria e quanto mais demorava para ela chegar mais amoroso ele ficava, mais a desejava. Quando a tinha em seus braços queria saber detalhes e a beijava e mordia até tudo terminar ao final de uma transa intensa, então ele dormia o sono dos justos. Como marido é o último a saber e as vezes nunca fica sabendo, nunca percebeu que Ana mentia. Dizia que ia para um motel com alguém mas ao invés disso se reunia com poetas em um barzinho no centro da cidade. Lá passava horas com poetas e poetisas falando sobre o lado belo da vida e sabendo que ao chegar em casa teria de deixar de ser poeta para ser atriz. Aparício que temia ser enganado no casamento virou um corno bobo.

danilos
Enviado por danilos em 04/08/2013
Código do texto: T4419188
Classificação de conteúdo: seguro