Historinha carioca
Comprando badulaques no Mercado do Saara, entro numa lojinha totalmente apinhada de tudo quanto é treco. Era tanto o colorido que se tornava difícil escolher, o melhor seria comprar aquele ponto comercial e levar pra casa onde seria possível olhar calmamente cada um daqueles objetos. Havia de um tudo e tudo parecia faltar em casa. Como o tempo era pouco escolhi alguns itens mais à mão. Quando estou no momento de pagar, ali está aquela empresária próspera, uma chinesinha que caprichou andando nas praias do Rio de Janeiro. Em tudo chinesa, menos no bronzeado forçado por algum creme milagroso inventado pela cosmetologia. Digo algo sobre a cena e a figura. Era um cantinho também excessivamente colorido e com muitos detalhes brilhosos, pequenas luzes envolviam até as maquinetas de passar cartões de crédito, todos aceitos. Eu disse próspera empresária. Cabelos curtinhos como o vestidinho de napa que usava. Estava sentada em um desses tamboretes altos. Quando se movimentou, vi o fim da linha de segurança da China. Em tudo se esmerava para parecer uma brasileira. As perninhas de fora, mas nada nacionais, muito curtas, finas e meio empenadas. Girava pra todo lado, dava ordens, falava com os clientes e com o rapaz que a assessora em negócios com compradores para outras praças camelódromas. Enquanto isto, esperando ser cobrada, avistei uma tesoura que me agradou e tratei de me convencer que eu não tinha tesouras em casa. O juízo dizia: tem; os olhos diziam: não tem. Esqueci o juízo e desprezei os olhos. Falei: queria uma tesoura destas também. Dcha qual? Esta aí, perto de sua cabeça. Olhou, viu e respondeu: Tcha ali, dchu outchu ladcho, lá na frentche. A senhora não tem alguém que vá buscar a tesoura? Eu não a avisto daqui. É a xenhora que tchem que ir buscar. Ah, e é? Disse ao meu pensamento. Não, pode deixar, levo só isto aqui mesmo. Quanto é? Marchaaaaaaaaaaaa, traga a tchezoura dexe ladcho. O quê? A tchezouraaaaaaaaaa, dexe ladchooooooo, exa de quatro e xinquentchaaaaaaaaaaaa. A moça trouxe. Ah, então chineses entendem que quem compra manda e quem vende obedece. Maishhhhhhhhh eu xai djiiiii lá com vontchade de falar dexe xeito. Quatro e xinquentchaaaaa custchou extcha tchezoura que comprei no Rio de Tchaneirooooooooooooo